Milhões para Romney
08/03/12 21:24WASHINGTON – A campanha de Mitt Romney anunciou que arrecadou US$ 11,5 milhões em fevereiro, contra US$ 6,2 milhões em janeiro. No mesmo período, Rick Santorum recebeu US$ 9 milhões, o dobro do mês anterior.
Não vi nada, ainda, sobre Newt Gingrich e Ron Paul _mas Gingrich tem o milionário dos cassinos Sheldon Adelson oferecendo o cofre, e Paul, uma bem estruturada rede de simpatizantes felizes em contribuir para sua campanha.
Reflexos do vai e vem da corrida pela candidatura republicana. Santorum pode ter encostado em Romney neste mês, mas, somando o que ambos levantaram desde o início, o ex-governador de Massachusetts somou US$ 74,2 milhões e o ex-senador da Pensilvânia, US$ 15,7 milhões _pouco mais do que 1/5 do que tem o rival.
De qualquer forma, o ponto é que, diferente do que ocorreu com outros pré-candidatos, como Tim Pawlenty e Michele Bachmann, parece que nenhum dos aspirantes no páreo vai, a esta altura, desistir por falta de caixa.
Nem teria porque, aliás. Esta é a primeira eleição presidencial com a participação de “superPACs”. São grupos quase sempre formados por ex-assessores dos políticos (advogados, tesoureiros, estrategistas) mas que não mantêm vínculo oficial formal com suas campanhas.
Por isso, conseguem, graças a uma decisão de 2010 da Suprema Corte, contornar a legislação eleitoral que impõe limites às doações de indivíduos e grupos e que exige transparência nos dados.
Estimativas feitas pelo Center for Responsive Poltics, um centro de estudos de linha independente aqui em Washington que conta com financiamento do milionário George Soros, apontam que superPACs ligados a Romney despejaram US$ 27,24 em peças publicitárias na TV e no rádio e em eventos desde janeiro (não há dado de quanto eles arrecadaram).
Grupos do tipo ligados a Santorum gastaram US$ 4,61 milhões. O segundo colocado, em apoio de superPACs, é na verdade Gingrich, com US$ 16,5 milhões, e Ron Paul vem atrás, com US$ 3,5 milhões.
(Obama também tem os seus, mas até agora eles gastaram pouco, reservando somas mais polpudas para quando a campanha presidencial avançar de fato.)
Então, quando vemos Romney virar o jogo em Estados como a Flórida, contra Gingrich, e Ohio, contra Santorum, as coisas não são bem por acaso. Os superPAC ligados a Romney e sua própria campanha estão bancando anúncios contra o rival (como este aí embaixo, obra da campanha oficial).
A questão é quanta diferença a publicidade de Romney fará quando o jogo for contra Obama.
O democrata joga pesado em propaganda (embora em 2008 a campanha não tenha chegado ao baixo nível em que está agora, de nenhum dos lados). E acumulou no cofre, até o fim de janeiro, US$ 136,8 milhões.
Algo interessante de se notar: tanto o democrata quanto Santorum, Gingrich e Paul levantaram cerca de metade de seu caixa com pequenas doações. Já no caso de Romney, 90% de seu financiamento vem de grandes doadores.
Cara Luciana, há muito acompanho a política brasileira, sobretudo no seu processo pré-eleitoral. E, já há uns dez anos, pela televisão por assinatura e internet, eu acompanho o processo pré-eleitoral americano, através das primárias. O curioso é que, numa análise mental isenta, observo que conheço mais da história e trajetória pessoais de Mitt Romney, Newt Gingrich e Rick Santorum do que Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Aécio Neves. Portanto, tenho muito mais elementos para fazer um juízo de caráter desses políticos americanos do que desses nossos políticos brasileiros. Sobretudo, uma maior noção de como pode cada qual desses americanos reagir em situações extremas nas relações de poder e processos decisórios. Assim sendo, entendo que essas primárias americanas, de democratas e republicanos, produzem várias importantes valorações políticas para a política americana. Quais sejam: 1ª Conhecimentos mais aprofundados do caráter de seus candidatos. 2ª verificação da identidade ideológica dos candidatos com a ideologia do partido. 3ª Conhecimentos sobre as vagas de preferência das três correntes ideológica do partido – exemplo: mais a direita como Santorum; centro como Gingrich e moderado como Romney. 4ª Momento ápice de maior interação e, portanto, de maior identificação e senso de compromisso de seus filiados com o partido, conferindo a ele o pleno conceito etimológico de “partido”, na medida em que passa a representar uma parte ou parcela da sociedade com ideias mais galvanizadas na sua identidade. Em outras palavras: a antítese do nosso PMDB.
Bom seria Luciana se, ao final dessas eleições americanas, ganhando republicanos ou democratas, com todo material por você coletado e produzido sobre essas mesmas eleições, pudesse fazer uma sequencia de matérias com caráter comparativo entre os processos pré-eleitoral americano e brasileiro. Acho que seria muito produtivo. Fica, então, a sugestão.
Professor, com certeza seria um tópico e tanto. Mas, sinceramente, não me considero preparada para fazer essa análise mais complexa da nossa política. Ao menos, não hoje. Obrigada pela sugestão, de qualquer forma. Abs!
Será que os ataques entre Hillary, Obama e McCain realmente foram mais leves que os atuais? Não foi questão de antes ser uma briga entre 3 até o afunilamento para 2 e que agora foram uns 10 afunilando até chegar aos 2 que disputarão a Presidência?
Como é isso? O Romney pede voto aos latinos e depois critica o Santorum por ter votado a favor de Sotomayor? É mais uma trapalhada de campanha?
Silvino, pois ele também defende a autodeportação dos imigrantes irregulares. Mas sobre a Sotomayor, ele não está criticando o Santorum por votar em uma *latina*, mas por ser uma juíza liberal. Abs.
Não era mais fácil o Romney dizer voltar para casa ao invés de autodeportação? Acho que autodeportação é igual autoassassinato, não tem jeito. Não é algo feito contra si mesmo, é contra terceiros.
PS.: Registro de novo meu protesto contra o eufemismo imigrante irregular para falar de imigrante ilegal.
É, Joe, acho que autodeportação é como voltar para casa. Mas acho que usar a palavra “deportação” pega bem com os mais conservadores e o prefixo “auto”, melhor com os progressistas. De qualquer forma, é isso que ele diz. (Sobre seu protesto, anotado!). Abs!