Javelin e Petrus
21/03/12 09:07HOUSTON – A revista masculina “GQ”, que graciosamente apelidou a campanha pela Casa Branca neste ano de “corrida mortal 2012” descobriu os apelidos que os dois principais candidatos republicanos escolheram para si no jargão do Serviço Secreto.
Sabe, aquela coisa de POTUS, FLOTUS e SCOTUS (que não se trata de nome de anøezinhos imaginários, mas abreviaturas de Presidente dos Estados Unidos, Primeira Dama dos Estados Unidos e Suprema Corte dos Estados Unidos _em inglês, claro).
Pois bem. Segundo a “GQ”, Mitt Romney é “Javelin” e Rick Santorum é “Petrus”.
Assim, longe de mim querer praticar psicanálise de almanaque, mas… oi?
“Petrus”, sim, de Pedro, o apóstolo de Jesus, o primeiro Papa, o organizador da Igreja Católica como instituição etc etc etc. Santorum achou que lhe caía bem.
Já Javelin é um tipo de míssil antitanques que o Exéricito dos EUA usa (vai saber lá o que Romney quer abater, mas seja o que for, me assusta menos do que se igualar ao sujeito que pôs de pé o catolicismo). DIz a GQ que é também um modelo de carro.
Em 2008, o Serviço Secreto parecia estar em um clima mais Clint Eastwood, e escolheu para o republicano John McCain o apelido de “Phoenix” e deixou que Obama fosse chamado de “Renegado” (sim, Phoenix é pela cidade, já que McCain é senador pelo Arizona, mas fica mais divertido imaginar um filme de cowboy).
Falando eem filme de cowboy, aliás, passei os últimos dez dias no meião dos EUA, Utah e Texas, e parece que Rick Santorum não tem muitos fãs nos dois Estados, entre os mais conservadores da federação.
E não pensem que é porque Utah é um Estado de maioria mórmon, mesmaa religião de Romney, porque lá está cheio de simpatizantes de Ronn Paul também. A razão é que são Estados onde o conservadorismo quue importa é o fiscal, não o social-religioso (claro que o eleitorado é antiaborto, por exemplo, mas este não é o tema mais importante para levá-los a escolher um presidente).
As viagens serviram para lembrar que preciso repetir isso sempre aqui: ao contrário do que os candidatos nos fazem crer, os EUA não são um país de radicais sem matizes.
Ontem perguntei a um conservador moderninho onde estavam, afinal, os candidatos para representá-lo — ele, que quer um governo enxuto, é super pró-business, é a favor do casamento gay e acha que oo direito ao aborto é tolerável em alguns casos.
O conservador-fiscal-progressista-social pensou, pensou e me disse que Romney não era tão mal assim, e havia se saído muito bem nos negócios. Depois pensou mais um pouco. Deu uma risada. E mudou de assunto.
(nos próximos capítulos, mais incursões em Utah e Texas)
Esse caso do apelido é só um entre vários. Tudo que o Santorum fala é distorcido e, então, só depois de distorcido, analisado.
Ele fala bobagem? Fala! Mas fico impressionado quando as bobagens passam quase despercebidas e o que ele fala de razoável vira escândalo.
Exemplo: Quando ele criticou a posição do John Kennedy sobre separação de Estado e religião. Ele falou uma coisa, a imprensa e os críticos em geral reagiram como se ele tivesse falado outra.
Joe, eu estava viajando na época e não vi o discurso ao vivo — só trechos. Mas de qualquer forma, não me parece que dizer que teve vontade de vomitar ao ouvir sobre separação da Igreja e do Estado tenha sido uma coisa muito esperta. O problema, acho eu, é que o Santorum começou dizendo coisas razoáveis misturadas a bobagens, exatamente como você descreve. Conforme foi ficando acuado, porém, a proporção entre uma e outra mudou drasticamente. Eu já o vi falando ao vivo algumas vezes. Ele sempre começa ok, falando de economia, dizendo coisas importantes, e depois descamba, se exalta… parece que está testando o público. Abs.
Momento Newt Gingrich?
http://www.youtube.com/watch?v=5DAmqXp-lU4
É, acho que ele está perdendo o (auto)controle.
Cara Luciana, creio que já tive a oportunidade de me revelar a você e a seus leitores como Conservador. Mas o meu conservadorismo é muito mais representativo em relação a uma visão moderna de Estado que deva ter tamanho e organização suficientes para, com a consequente eficiência, se ater nas suas funções primárias nas áreas de saúde, educação, segurança pública e segurança social para os que dela, realmente, necessitem. E como parte dessa eficiência, tenho preferência pela não exação tributária e responsabilidade fiscal. Entendo que a livre iniciativa deva ser entendida como dogmática na produção de bens e serviços. Entendo que o aborto deva ser praticado quando há risco concreto à vida da mulher. No caso de estrupo, desde que seja interrompida a concepção em dias, sou radicalmente contrário ao aborto; sobretudo quando já há a formação fetal. Tenho uma visão de defesa, também dogmática, em relação aos bons valores que devem constituir e fazer funcionar a instituição Família. Sou convictamente favorável a Pena de Morte e sou um católico com pouca prática. Nesse sentido, Newt Gingrich, embora não mais viável eleitoralmente, é o candidato que mais me sinto identificado. É uma grande pena que no Brasil não tenhamos um verdadeiro Partido Político Conservador. “A mídia não deixa”. Mas garanto que há muito mais conservadores como eu no Brasil.
Certamente há conservadores no Brasil. Mas eu não acho que o atual partido conservador americano seja um bom modelo, do jeito que está. O próprio Gingrich, que já teve posições razoáveis no passado, que já participou de campanhas antiaquecimento global, teve de afinar seu discurso vários decibeis acima, assim como o Romney, para buscar esse eleitor mais inflexível, que está bem à direita do conservadorismo de que o senhor fala. Não sei como os republicanos vão fazer depois desta eleição, ganhando ou perdendo, mas eles precisam rever essas divisões internas. Abs.
Romney escolheu o nome de um carro, Javelin.
Ninguém especulou que ele teria, na verdade, vontade de ser um carro ou, pior, ser um carro que consome muita gasolina em uma época em que o preço do combustível está muito alto e dificultando a vida do cidadão médio. Todo mundo sabe que isso é muito ridículo. O Romney deve gostar do nome e pronto.
Santorum escolheu um nome em latim, Petrus.
E especulou-se que o Santorum só pode se achar tão importante quanto São Pedro. Ninguém pensou duas vezes, ninguém achou a teoria muito ridícula.
De acordo com o Santorum, esse nome foi escolhido porque o avô italiano dele se chamava Pietro, quem vem do latim Petrus. E a palavra latina, além de ter originado o nome do avô dele, tem o significado de rocha.
Mas e se o Santorum só gostasse do nome?
E se ele realmente tivesse escolhido por causa de São Pedro?
Qual o problema?
Nenhum problema, Joe. “Javelin” pode ser o míssil também. “Renegado” também não deixa de dizer algo. Acho que quem está se atendo só ao apelido do Santorum é você. Eu achei todos eles curiosos. Abs.
Joe, lembrei de você, olha: http://www.politico.com/news/stories/0312/74335.html
Acho que ele não deve ser Forrest Gump mesmo não.
Deve ser um Eduardo Suplicy. Finge ser débil mental e só fala bobagem até todo mundo achar que ele é inofensivo. Depois vai levando a vida, tirando uma vantagem aqui, outra vangatem ali.
Resta saber o objetivo dele, se é ofuscar a Hillary, aposentadoria em viés de alta, influência dentro da Casa Branca, capacidade de alavancar a carreira de alguém…
Ou escrever livros e dar palestras? De verdade, não acho ele imbecil. Mas acho insípido até dizer chega. Abs!
Deve ter alguma coisa a respeito do Biden que você sabe e eu não.
Da campanha do Obama pra cá, quando eu soube da existência dele, o Biden só serviu para falar e fazer burrice. Uma atrás da outra. Uma mais reveladora que a outra.
Talvez você tenha respeito pela vida pregressa dele ou é alguma outra coisa que realmente me escapou.
Não consigo respeitá-lo nem como interlocutor de mesa de bar.
É, tenho respeito pelo trabalho dele na comissão de relações exteriores, antes de ele ser pré-candidato. Sempre me pareceu sensato. Depois, confesso que não vi nada que me chamasse atenção. Abs.