Gingrich e a convenção
29/03/12 07:48WASHINGTON – Toda vez que eu leio o nome de Newt Gingrich, não consigo evitar uma ilação infantil com o personagem Grinch, aquele do conto de Dr. Seuss, que, odiando a data, “roubou” o natal. No começo era um trocadilho besta só com o nome. Mas agora acho que já virou mais: agora penso em The Gingrich, que roubou a convenção partidária.
É. Respeito aos feitos do sujeito à parte, é isso que Gingrich quer – ou diz querer. Nesta semana, ele demitiu _pela terceira vez_ toda a chefia de sua campanha. Disse que quer reduzir os esforços nas primárias e concentrar na convenção partidária, que de fato elege o candidato, em agosto na Flórida.
Só que Newt esqueceu-se de uma coisa: quem vota na convenção são os delegados (representantes partidários) que estão sendo escolhidos agora, nas prévias, Estado a Estado, a favor de um ou outro candidato, conforme ditam as urnas. E para que ele tenha alguma chance, é preciso que nenhum dos rivais obtenha mais de 50% desses “delegados”.
Vamos ajudar Newt, fama de ter o mais alto QI entre os aspirantes, com uma calculadora: ele tem, até agora, 13,3% dos 999 delegados definidos – contra 26% de Rick Santorum e 53,5% de Mitt Romney (Ron Paul tem 7%). Para ganhar direto, precisaria de 81% do que falta.
Mas não é só isso. Mesmo que, façamos um exercício de hipóteses, ninguém consiga mais de 50% no final, e o partido decida jogar no lixo todas essas rodadas de prévias atpe agora e fazer uma convenção por aclamação (sim, isso está nas regras), Gingrich precisaria convencer os correligionários que é um candidato viável.
Eu dei uma olhada, de novo, nos resultados que passaram. O melhor desempenho do ex-presidente da Câmara aconteceu na Geórgia, seu berço político, quando ele conquistou 47% dos votos. O de Santorum foi no Kansas, com 51%, e o de Romney foi em Massachusetts, 72%. Newt ganhou apenas na Geórgia e na Carolina do Sul, enquanto Santorum venceu 11 prévias, e Romney, 20.
Mesmo entre seus pares, é possível dizer que Ron Paul, zero vitórias, é bem mais respeitado _com sua legião de seguidores, o deputado do Texas consegue se fazer ouvir, e consegue alguma consonância para seu discurso, mais do que o marido de Callista.
Golpe final? Uma pesquisa da CNN divulgada ontem com o instituto ORC mostra que 60% dos eleitores republicanos acha que a brincadeira acabou e é hora de Newt desistir.
Hm, então ele deve ter, não sei, o apoio dos “superdelegados”, a elite partidária que pode votar na convenção sem depender do que dizem as prévias?
Essa conta é difícil de fazer, já que os votos pode,m mudar até o último instante, mas vejamos o cenário por ora: Romney redcebeu cerca de 35 dos votos já declarados entre essa nata política, e Gingrich, 3. (Santorum recebeu 2, o que, tenho certeza, deve querer dizer algo).
Ah, sim. Ontem, Bush pai e Marco Rubio, o senador da Flórida que é um dos nomes em alta no partido, declararam apoio a Romney e pediram que o partido se una. Gingrich, porém, deu de ombros outra vez. Afirma que seguirá na disputa até onde seu caixa _bem fornido pelo dono de cassino Sheldon Adelson_ permitir.
esse cara e pior que o push e um assassino
assassino, hafez?
eu, suponho apenas, que ele queira continuar para ser um ‘tertius’ no caso da escolha para a vice-presidência!
Lembrando, claro, que seria uma outra opção ao Santorum, na qual Romney poderia oferecer para angariar os conservadores….em não havendo uma sintonia entre santorum e romney, porque não ele?
acho que isso é que na verdade, está em jogo….
Gustavo, faria sentido se a troca de ataques entre os dois não tivesse sido tão intensa. Mas talvez você tenha razão (no caso de Obama e Hillary em 2008, por exemplo, as brigas de campanha foram superadas e ela foi ser secretária de Estado, embora seja bom lembrar que as acusações não foram tão violentas). Vamos ver. Minha aposta de vice para o Romney, por ora, é alguém como o Rubio. Abs.
ahh tá, eu sabia que o clima entre eles não era bom, mas tão ruim assim, não imaginava!
Gustavo, tem uns posts mais velhos sobre o nível dos ataques… Mas com certeza vou voltar a falar disso. Abs!
Das duas, uma: ou ele pensa que está no Brasil, ou teve aula com o Sarney. Na verdade é incompreensível a insistência dele e do Santorum na campanha que já acabou para eles.
Pois é, Otávio. O Gingrich é mais difícil de entender. O Santorum, ao menos, teve um momento em que ele pareceu ser uma alternativa. Mas o Gingrich, desde o início para valer das prévias, não mostrou a que veio. Pode ser a máquina de propganda do Romney, mas o efeito é irreversível a essa altura. Abs.