O que Obama confessou a Dilma
12/04/12 16:56WASHINGTON – De tudo que foi dito por Obama à Dilma no Salão Oval, quando os dois presidentes se encontraram, na última segunda, a coisa que mais me chamou atenção foi algo que ainda não apareceu por aí: o americano confessou à brasileira que, a seu ver, a recuperação econômica dos EUA vai ser mais lenta do que o que foi visto até agora.
E que a criação de empregos deve ficar no mesmo nível da vista em março – cerca de 120 mil vagas, o que ainda é um avanço, mas muito mais lento do que o que as 240 mil, 200 mil novas vagas vistas nos meses anteriores.
Publicamente, Obama ainda não admitiu isso. Se admitisse, assistiria a uma repercussão estrondosa nos mercados, que já trataram mal os dados aquém do esperado vindos em março.
O relato é exclusivo e foi feito por uma fonte confiável presente no encontro, que durou 90 minutos _o dobro do inicialmente planejado.
Vai, aliás, mais além — o presidente americano teria dito ainda à presidente brasileira que sabe que sua eleição dependerá essencialmente disso, e que a disputa, a seu ver, vai ser muito, muito acirrada. Ao que Dilma, numa expressão de simpatia que atropela o protocolo de não declarar apoio a candidatos, respondeu: “Gostaria muito que continuássemos a trabalhar juntos.”
Além disso, os dois líderes conversaram muito sobre o petróleo brasileiro _essencialmente, o pré-sal. Obama quer saber como os EUA podem participar mais da exploração, e, na descrição de presentes, ficou muito interessado ao ouvir que haverá espaço para empresas americanas com sede no país e para exportar maquinário no início da produção.
O outro tema sobre o qual Obama se estendeu foi etanol _os dois países, que são maiores produtores mundiais, trabalham em uma parceria para fazer álcool binacional em outros países (mais detalhes neste texto na Folha de hoje).
Ou seja, Dilma e Obama passaram quase todo o tempo falando de economia, da crise global ás possíveis parcerias. Política internacional ficou no rodapé da agenda, com os dois se limitando a apresentar suas respectivas posições a respeito de Síria, Líbia, intervenções internacionais. Sem diálogo, assim mesmo, concordando em discordar. No caso de Cuba, não houve nem resposta _apenas Dilma disse a Obama que a Cúpula das Américas terá, neste fim de semana, sua última edição sem a participação de Havana.
É bem diferente de encontros anteriores, entre eles ou seus antecessores. Bem diferente também em termos de personalidades _nem Dilma nem Obama mostram inclinação para a relação pessoal afável que mantinham Lula e George W. Bush (embora a aparente camaradagem nunca tenha se traduzido em políticas mútuas de mais vulto). Entre Dilma e Obama, visivelmente, não há espaço para descontração.
Ainda assim, a reunião desta semana mostra que, cada vez mais, o pragmatismo e o bolso norteiam a relação entre os dois maiores países da região, com pouco espaço (ou interesse mútuo ou afinidade) para um diálogo político nem iniciativas conjuntas nesta área (o jornal britânica “The Guardian” publicou um excelente artigo a esse respeito).
Ah, e uma última observação, por curiosidade: nós, jornalistas, entramos no Salão Oval para ouvir o briefing. É minúsculo e com um ar extremamente antiquado. Qualquer analogia possível com a a agenda americana para a região é mera coincidência.
(Aos leitores deste blog, um pedido de desculpas por tê-lo abandonado nos últimos dias. Verena e eu estávamos 100% por conta da visita presidencial, seus preparativos e sua repercussão .)
Luciana Coelho comentou em 25/04/12 at 14:26
Cara Luiciana, vamos ser honestos 95.62% dos negros votaram em Obama, e sra. não concorda que eles simplesmente votaram NA COR DA PELE, sem analisar as qualidades do outro candidato. Eu discordo, e como dissse imagine os 74% de brancos votando 95.62% para McCain?
Eu tenho um do mesmo Programa SNL com Jon Lovitz, mais existe muitas 4 letter words nele. Não é recomendado em um jogo de “crap” in the Bronx.
Por gentileza leia o quee o Washington Post pensa do encontro entre os 2 Presidente:
http://www.washingtontimes.com/news/2012/apr/9/obamas-brazilian-model/
Eu creio que o Obama disse para Dilma que ele aumentou a dívida dos EUA por 6.5 trilhões, que é a soma que todos os Presidentes deste George Washington até George W. Bush juntos. E ele fez tudo isso em menos de 4 anos de governo.
That makes him very prout of it.
José, não sou fã do resgate aos bancos, mas o que fazer depois da lambança que o Bush deixou? Na sua opinião, o que o McCain poderia ter feito de diferente quanto a isso? Fora que, embora o Obama não seja exatamente um modelo de aptidão econômica, é preciso lembrar que boa parte desse deficit veio das contas das guerras. Abs.
Talvez McCain não seria a solução correta, mas sim Romney na primeira vez.
Eu não sou pro Republicano ou contra democratas, mas o Obama fez péssimas decisões sobre a economia.
Na pesquisas realizadas pelo USTODAY na eleição de 2008 haviam 11 questões principais do povo Americano.
Romney teve 7 delas correta, enquanto Obama 4.Veja as estatísticas como Obama foi eleito.
É verdade, eu considero também um erro começar o governo tentando passar a reforma da saúde ao invés de lidar com a crise das hipotecas. Ele queimou todo o capital político aí. Mas eu não acho que um republicano, ou outro democrata, ou qualquer pessoa, fosse dar conta de domar o déficit… Abs
O grande problema dele além da da saúde, é que como faz o partido democrata distribuiu dinheiro a torta e a direita fazendo o déficit dobrar de 6.5T a +6.5Trilhões de US$.
Ele congelou a C.O.L.A.(Cost of Living Adjustment) do aposentados que pagaram SS e o seu plano de saúde daria benificios para pessoas que gerações vive do Welfare Program.
Para completar
Obama fez promessas que não podia realizar, e planos falho.
Note bem o plano de Guantanamo e outros.
Por 1 1/2 ano ele tentou ser o “mocinho” da película despejando a culpa total em George W. Bush. A “bolha” mobiliaria estourou, porque o Congresso Democrata nada fez durante o governo Clinton.
Obama é como Midas(não o Rei, e sim a cia mecânica). Tudo que ele toca se torna “cano de escapamento”.
Concordo sobre as promessas fajutas, mas há de se convir que a situação atual se deve muito mais à lambança deixada antes do que à inépcia do Obama. E, bem ou mal, a economia está melhorando mais rápido do que na Europa. Vi que você disse que não é democrata nem republicano, José. Bom, se eu votasse nos EUA, estaria bastante infeliz com as opções presentes. Abs.
Tanto é que eu nunca votei para ambos os Bushes, nem para Clinton ou Al Gore, e Obama porque são “vendedores de ilusão”
Eu votei 2 vezes para Ross Perot que é mais americanos do que todos estes pondo junto.
A eleição de Obama teve 19.25% do total geral entre negros e “latinos”. De 13% do total geral dos negros votaram 95.62% equivalente a 12.43% do total geral. Imagine se os brancos votassem 95.62% para McCain dos 74% do total geral. O que diriam a imprensa internacional sobre o racismo americano!!
E agora, José, quem você gostaria de ver como candidato? O Bloomberg? Sobre o *racismo* que você vê em negros votarem no Obama, discordo. Acho que foi muito mais a questão da quebtra de paradigmas. Mas, olha, um vídeo de que eu acho que você vai gostar, do Saturday Night Live. Estamos tendo problemas no sistema de publicação do blog, quando voltar ao normal eu posto: http://www.nbc.com/saturday-night-live/video/hows-he-doing/1386275
Luciana Coelho comentou em 23/04/12 at 12:48
Cara Luciana,
Já há muito tempo não existe bons candidatos, e o último democrata honesto foi Harry S. Truman. Os Kennedys então nem se fala.
Quanto a situação de Obama, Reagan esteve na mesma situação e não fez reclamações como Obama, Reagan simplesmente arregaçou as mangas e trabalhou, c/ democratas e republicanos.
Obama é um Jimmy Carter “in technicolor”, se não for pior.
Cara Luciana, o ovo da serpente dessa crise financeira americana começou com um democrata famoso, que eu próprio admiro, Bill Clinton, que como presidente, objetivando impulsionar a economia americana, em ato administrativo, liberou os grandes bancos de investimentos, Como o Lehman Brothers, do limite de endividamento de 12%, imposto pelo acordo de Basileia. E Lehman, como outros seus iguais, chegou a comprometer 35% de seu patrimônio em alavancagem. E lembro a você que o Banco Central americano é, de fato, independente da vontade do presidente da República de plantão, e a omissão de Alan Greenspan em tentar deter a bolha financeira, embora, precocemente, a tivesse detectado. Mas é lugar comum culpar o conservador Bush de tudo. Acho até que ele é culpado pela eliminação recente do meu Flamengo da Copa Libertadores das Américas.
Professor Emilson Nunes Costa
Completamente certo, professor. Sob os anos Clinton, houve uma tremenda desregulamentação financeira.
Pois é, a nossa presidenta só esqueceu-se de dizer a ele, Obama, caso uma petrolífera americana, como a Chevron, causar um “vasamentinho de petróleo”, os órgãos ambientais, Ministério Público e Poder Judiciário irão querer puni-la com penas que não estão previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Tudo em nome da mediocridade antiamericana. Mas quando a Petrobras – orgulho nacional – causa um vasamentão de petróleo, esses mesmos medíocres oficiais do estado brasileiro observam uma vergonhosa mudez. Com certeza nossa presidenta não disse isso ao Obama!
Professor, eu e outros jornalistas brasileiros em Washington perguntamos aqui ao secretário de Interior do Obama, o Ken Salazar, sobre o caso Chevron – ele esteve agora no Brasil. Ele não quis comentar a decisão da Justiça brasileira, mas lembrou que nos EUA a BP respondeu pelo vazamento no Golfo do México. Abs,
Mas, certamente, a BP foi punida com o rigor no tanto previsto pela legislação ambiental penal dos EUA. Aqui, é aquela de sempre bravata antiamericana, extrapolando as regras de punição ambiental para punir um símbolo do capitalismo norte americano. E isso é ruim para atração de novos investimentos.
acho que deu pra sentir que o Obama tá preocupado com a relação eleições x empregos (dentre outras preocupações, evidente)
Vc sabe quanto tá a taxa de desemprego nos EUA? havia uma maxima: nenhum presidente se reelege com a taxa de desemprego acima de 9%, sei que em dezembro havia caido para 8,5%, mas como já estamos em abril gostaria de saber se variou negativamente, e qual a projeção para a época da eleição?
A Hillary estava presente? a dilma tem uma postura (ao meu ver) imperial, se conmportou dessa maneira? Pergunto pois nas fotos e filmagens aos jornalistas ela abaixou a mão do Obama!!!! eu fiquei até meio assustado….
Ela não estava no Salão Oval durante o pronunciamento, Gustavo. Sim, eu já ouvi essa máxima, mas tem estudos mostrando que não é bem assim. Agora, claro, a percepção da população de que a economia está boa ou ruim (na qual pesa o desemprego) conta muito para a reeleição. Abs!
Ah, eu tenho um confidência que Obama me revelou. Que coisa mais ridícula. É perfeitamente previsível que a economia americana vai criar menos empregos e que a recuperação da economia vai ser mais lenta do todo mundo pensava, a julgar pelas últimas estatísticas publicas. Então a “revelação”, coisa que não acredito que Obama falou porque ele não iria revelar nada para a Dilma que ele considera como um partner de 2a. classe, repito essa revelação é apenas vento, vento que passa…
Bruno, também acho uma constatação previsível, mas a questão é que oficialmente ele não diz isso. Abs.
eles só estão interessados nesses brasileiros que idolatram os eua como um país de 1 mundo, eles querem seu dinheiro sendo gasto lá, essas noticias sobre a ida da Dilma deixa bem claro que o interesse deles é nosso dinheiro e nada mais!! eles gostam do dinheiro brasileiro!!! deviamos mesmo parar de concordar tanto com essas politicas corruptas e começar a exigir qualidade nos serviços publicos!!! dinheiro tem, mas esta no bolso dos politicos!!
É verdade que eles veem no Brasil um pote de ouro, Marcos. Não se resume a isso, mas isso é um enorme componente. Abs.
Quem gosta de que dinheiro? Se o Sr. ler os relatórios do IMF brasileiros na sua grande maioria “ilegais” enviaram para o Brasil de 2001-2009 55 biliares de US$.
Me responda se os mandatários dos EUA estão contentes com as remessas. Estaria o Sr. contente se fosse o inverso?
Espera-se que “O BRASIL” seja esperto e saiba investir e lucrar em cima dessas deficiências e problemas estadunidenses,como eles tanto fizeram conosco e com outros países,ao invés de engraxarmos as botinas do tio Sam pra sempre.
Se formos espertos teremos coisas boas disso, do contrário…Continuará sendo lamentável pra nós.
“Além disso, os dois líderes conversaram muito sobre o petróleo brasileiro _essencialmente, o pré-sal. Obama quer saber como os EUA podem participar mais da exploração, e, na descrição de presentes, ficou muito interessado ao ouvir que haverá espaço para empresas americanas com sede no país e para exportar maquinário no início da produção.”
…se não nos cuidarmos, o óleo do pré-sal será deles ou terá que ser vendido para eles, que pagarão com moeda sem lastro… us $…
…ainda vigora a “Doutrina Carter”, que diz: “…os estados unidos tem o direito de ter o petróleo que prescisam por quaisquer meios que se façam necessários”…
l…leiam Petróleo e poder: o envolvimento militar dos estados unidos, de Igor Fuser, editora unesp.
Tudo isso não passa de traque. Um estrondo danado e… nada!
Se o atual governo tivesse alguma preocupação com o crescimento e o desenvolvimento do país, já teria começado a consertar a infra-estrutura calamitosa que temos, a fazer as reformas trabalhista, tributária, eleitoral e política.
Essa história de etanol é outro traque. Não é uma opção viável ao petróleo e, mesmo se fosse, o Brasil não tem produção suficiente nem para o mercado interno. Atualmente estamos importando etanol dos EUA. O governo fica batendo nessa tecla sem parar, mesmo sabendo que não tem futuro, porque não tem outro assunto, não tem projeto nenhum. O governo daqui vai deixando tudo como está para ver como é que fica.
Joe, mas a história é justamente que els vão produzir em outro país — ou seja, cobriria esse deficit (do etanol). Abs;
Não falta terra no Brasil. Não falta terra nos EUA. Por que produzir em um terceiro país?
Isso pra mim é conversa fiada pura.
Falta usina no Brasil e falta solo em que cresça cana nos EUA. Agora, por que falta usina no Brasil é uma boa pergunta, Joe. Abs.
O etanol americano não é da cana. E o etanol brasileiro é insuficiente por questões internas que não dependem da ação ou inação de nenhum outro país. Não vejo convergência nessa área. Isso fazendo de conta que o etanol tem algum futuro como substituto do petróleo.
Por absoluta falta de projeto, o governo brasileiro continua insistindo nisso. Enquanto o governo americano vai se preocupando com energia solar, carros elétricos, células de hidrogênio…
Sim, Joe, e o problema deles é justamente não ser de cana. É menos eficiente, de milho, e por isso eles estão avançando para uma nova geração (sobretudo de algas), que é mais oficiente, mas ainda cara. Vejo convergência aí, os dois são os maiores produtores. Também não sei se concordo sobre os projetos com energia limpa. Concordo com o que você disse sobre o lado brasileiro, mas os americanos, também, deixaram todo o resto meio em stand-by, e andam obcecados com gás natural… Abs
A reportagem do The Guardian (em inglês – infelizmente, a foi-a recusa-se a traduzí-la para os não bilíngues) é excelente. Os jornais britânicos têm uma leitura mais real e clara da nossa economia do que os pasquins nacionais. Mas creio tratar-se apenas de má vontade dos folhetins brasileiros. Recusam-se a contar o lado bom da nossa história.
Oi, Daniela, não temos os direitos aqui para traduzir para o blog, infelizmente. Só posso linkar para a página. Abs.
Infelizmente caros colegas o mundo não dá tantas voltas e se vcs derem uma voltinha, na Florida vamos dizer para não exagerar a gente ve que nós aqui ainda temos muito trabalho para fazermos o mundo dar alguma volta
A nossa presidente, deve se preocupar mais com o seu país em termos de educação, saúde e segurança e investir fortemente em escolas técnicas e pesquisa, principalmente em infra estrutura e agronegocio, pois o mundo tem fome e não come parafuso e nem bebe petróleo. O Brasil deve ser o celeiro do mundo.
Marcio, no discurso há tudo isso. A questãoé ver em que se converte. Abs.
Ano eleitoral , vá lá que seja uma justificativa para economia de decisões ou divulgação de temas “espinhosos”.Mas adicione-se o desconforto dos americanos em dividir decisões ou partilhar projetos, com que antes tomava conhecimento deles ,apenas pela imprensa ou pelo contínuo da embaixada
Não entendi a segunda parte do seu comentário, Durvaldisko.
Viu, falaí pra ele Dilma,
o pq deles terem dado tantos negócios pra China que tava 25 horas de Washington e esqueceram do Brasil nos últimos 20 anos apenas 8 horas de Avião …
Quando a economia deles tava por cima, foi a China a grande receptora da produção Americana.
Agora que estamos bombando, ficam pedindo negócio do pré sal, negócio das montadoras, dos maquinários, dos aviões e por aí vai…
Como o mundo dá voltas hein Obama ?
Roger, a China é o maior credor americano e o maior mercado consumidor do mundo. Abs.
O Brasil vai continuar no samba soja, carne e petróleo?
Este é o país do futuro?
Que tal começar a investir em conhecimento e economia criativa?
Eles também discutiram o Ciência Sem Fronteiras, Daniel. Abs.