O presidente e os gays
10/05/12 07:00WASHINGTON – Barack Obama se tornou, na tarde de ontem, o primeiro presidente dos EUA a apoiar abertamente e com todas as letras o casamento gay.
Na verdade, o democrata foi um pouco além. Depois de fazer a declaração numa entrevista, Obama enviou um email a seus seguidores exortando-os a se unirem em coro, caso partilhassem de sua crença de que um casamento entre dois homens ou entre duas mulheres deveria ter tanta validade legal quanto aquele entre um homem e uma mulher. Bastava assinar. É uma campanha.
Obama não vai alterar a lei americana para permitir o matrimônio, o que seria virtualmente impossível em um país em que cada Estado tem o arbítrio sobre sua legislação a esse respeito e que precisaria do aval do Congresso e, eventualmente, da Suprema Corte. (Ou alguém tem dúvida de que uma decisão assim seria contestada? A Carolina do Norte anteontem aprovou por plebiscito uma emenda que veta o casamento gay mesmo que ele nunca tenha sido permitido no Estado, só por precaução.)
Mas o apoio explícito de um presidente à causa conta um bocado. Na véspera, uma pesquisa do Gallup apontara que 50% dos americanos adultos acham que o casamento homossexual deve ser legalmente válido. O número vem crescendo paulatinamente, conforme as gerações nascidas a partir dos anos 70 vão se tornando adultas. Entre os americanos mais jovens, o apoio é alto mesmo entre aqueles mais religiosos.
Por que? Porque as gerações na casa dos 30 e muitos e as mais jovens, cada vez mais, foram acostumadas a ver casais gays. Os adolescentes de hoje nos EUA (e no Brasil também) muitas vezes têm amigos criados por dois pais ou duas mães. E acham isso normal.
“Eu sempre acreditei que os americanos gays e as americanas lésbicas deveriam ser tratados com igualdade e justiça. Estava relutante em usar o termo casamento por conta das tradições tão poderosas que ele evoca. Achava que as leis de união civil que conferiam direitos legais aos casais gays eram uma solução”, escreve o presidente no email.
“Mas, ao longo dos anos, falei com amigos e parentes sobre isso. Pensei nos funcionários da minha equipe que têm relações longas, compromisso, com alguém do mesmo sexo e que estão criando seus filhos com esses parceiros. Percebi que, para casais do mesmo sexo que se amam, a negação da igualdade no casamento significa que, a seu ver e aos olhos de seus filhos, eles ainda são cidadãos incompletos.”
“Mesmo na minha mesa de jantar, quando olho para Sasha e Malia, que têm amigos filhos de casais do mesmo sexo, sei que não faria sentido para elas que os pais de seus amigos fossem tratados de forma diferente.”
E, antes de assinar, diz respeitar a crença alheia e o direito das instituições religiosas de agir de acordo com suas próprias doutrinas — mas, que aos olhos da lei, os americanos deveriam ser tratados todos de forma igual. “E quando os Estados permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, nenhuma lei estadual deveria invalidá-lo.”
Ha vários recados na mensagem do Obama. Um é a clara disposição contra a proposta de emenda constitucional que define o casamento como a união entre um homem e uma mulher, defendida pelos ativistas anticasamento gay como uma forma de inviabilizar a união.
Outra é uma estocada em Mitt Romney, seu adversário — e um fã confesso da série “Modern Family”, que tem entre seus protagonistas um feliz casal gay pais de uma meininha, ao menos segundo o “New York Times”.
A declaração de Obama veio depois da de seu vice, Joe Biden, e da de seu secretário da Educação, Arne Duncan, na mesma linha. E a declaração dos dois veio depois da notícia de que a campanha de Romney havia demitido um de seus principais assessores, Richard Grenell, porque ele é gay. (Sério, isso ainda acontece? demitir por conta da orientação sexual?)
Ok, há um monte de gays que não querem casar — assim como há um monte de héteros que estão se lixando para a oficialização. Os jornais americanos já fizeram inclusive reportagens ironizando as hordas de mães de gays que agora cobram seus filhos “quando é a data mesmo?”, quando muitos deles não fazem questão de institucionalizar a união.
Mas os que querem devem ter o direito.
Eu gostaria que meus amigos gays no Brasil pudessem, se quisessem, legalmente chamar suas uniões de casamento. Eu gostaria que os casais gays que desejam adotar não precisassem inventar histórias estapafúrdias ou depender com a comiseração de juízes. E eu gostaria que mais políticos tivessem a coragem que Obama teve.
Sim, Obama tem dado muitas, muitíssimas bolas fora. Mas, nesta quarta, ele deu uma dentro.
Cara Luciana Coelho,
Este é um assunto muito complicado que não é possível agradar ambos os lados.
Embora pareça que Obama usuo a sua astúcia em apoiar o lado” gay” da questão isto pode causar muita o alguma perda da sua parte.
Como já é do conhecimento geral no passado e hoje houveram e há muitas mentes brilhantes por parte da comunidade “gay(Julio César, Da Vinci, Alexandre “the Great”, Micheangelos e muitos outros).
O que Obama está vendendo é “snake oil(óleo de serpente)” como é do seu(dele) feitio Ele já fez muito disso na eleição passada e consegui votos.
Qualquer pessoa bem informada sobre como funciona as leis dos EUA sabe que o “casamento gay” é um problema estadual e não federal. Se mais de 30 estados são contra isto. Quem está do lado pro casamento entre gays deve saber que o Presidente dos EUA nada pode fazer para que isto seja real.
Além do mais Obama vai perder com os membros das igrejas de todas as religiões nos EUA, com exceção da “Presbyterian Bar & Grill”.
Essa é mais uma das promessas “vazias” de Obama, porque até hoje ele nada cumpriu
.
Recebeu + 95% de votos dos negros , hoje a taxa de desemprego deste grupo é de + de 20%.
Ofereceu Assistência de saúde para todos os Americanos e o plano é furado.
Prometeu fechar Guantanamo, em um plano sem base onde ficariam os prisioneiros de lá. Guantanamo continua aberta.
Prometeu legalização para ilegais, e ganhou quase 70% dos votos “latinos”, que viram os seus conterrâneos serem deportados. Foi o Presidente que mais deportou “ilegais” desde Franklin Delano Roosevelt.
Quem acredita na sinceridade dele nese assunto me conte porque eu tenho para vender a ponte Varranzano-Narrows, por a do Brooklyn o Obama já vendeu na eleição passada.
Sim, o apoio não tem efeito prático — acho que comentei isso, não? Mas como ocorre com a maioria das causas, especialmente com uma tão delicada como esta, a simples manifestação de apoio de alguém em evidência já ajuda a mudar um pouco a mentalidade das pessoas. Abs.
Mesmo sendo um conservador político, entendo que, pela precisão diagnóstica em apontar um feto anencefálico, é justo que a mulher que o esteja a gestar tenha o direito de interromper a gravidez. O mesmo se o feto oferecer risco a sua vida, quando do parto. Entendo, também, que se um casal gay, vivendo maritalmente, constrói um patrimônio, e um dos dois venha a falecer, é mais do que justo que o patrimônio, que por ventura esteja no nome do falecido, e não haja testamento, dizendo que quando de sua morte seus bens, adquiridos durante essa relação, deveriam ser transferidos para o nome seu parceiro, que, de fato, o seja. Às vezes, numa demonstração de grande injustiça, são os pais que acabam herdando esse patrimônio; sendo esses pais, ou pelo menos o pai, que o expulsara de casa, quando da descoberta de sua condição de homossexual.
O que eu discordo são a intolerância e agressividade pela qual a mídia, no Brasil, trata os que pensam diferentes. Precisamos respeitar os que, por crença e religião, são contra o aborto, em quaisquer circunstancias, e os que são contra o casamento, mesmo que no civil.
A mídia americana, por vezes também é agressiva, mas observa uma vantagem essencial à Democracia: ela dá espaço para os que assim pensam. Já, aqui, dificilmente uma liderança conservadora legítima terá espaço para defender os seus pontos de vista, como têm os que são favoráveis ao aborto e a favor do casamento gay. E acredito que esse déficit democrático ainda vai perdurar por muito tempo.
Professor Emilson Nunes Costa.
Professor, não que uma coisa justifique a outra, mas há agressividade dos dois lados, não? Só que acho que ela vem de ativistas e comentaristas, não de jornalistas (com algumas exceções). Não vejo, no dia-a-dia das redações, sobretudo da minha, esse desequilíbrio de que o senhor fala. Abs.
Vou me intrometer porque estou com um exemplo de tratamento indevido fresquinho:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1086092-fernando-haddad-ganha-apoio-de-intelectuais-tucanos.shtml
“Eles acham que o tucano fez o partido dar uma guinada à direita no ano passado, ao levar para o palanque a discussão de temas como o aborto.”
Quem começou a falar em aborto foi o PT. Mas os petistas mentem que o assunto foi uma “baixeza” do PSDB e a coisa vai tomando ares de verdade e sendo repetida. (Baixeza na novilíngua do PT é discutir qualquer assunto em que a posição petista seja derrotada.) Volta e meia tem coisa assim nas reportagens.
Quando o assunto é o Código Florestal e porte de armas a imprensa, não apenas a Folha, demoniza quem não tem posição esquerdista. Os deputados viram bancada ruralista e bancada da bala. São ridicularizados e demonizados ao máximo, ninguém cogita que eles possam ter bons motivos para defender suas causas.
O tratamento dispensado ao partido Democratas é outro exemplo. A imprensa adora chamar o partido e seus integrantes de demo. Se fosse só isso não teria importância porque poderia ser só uso de abreviação. Mas quem usa esse termo invariavelmente ataca as posições do partido deixando claro que demo é para fazendo troça mesmo.
Eu acho que tomada de posição e expressão de simpatia deveria ser deixada só para os colunistas, mas não é isso que vemos. E colunista deveria, na minha opinião, manifestar clara e abertamente o que pensa, nada de distorcer os fatos, usar subterfúgios e se passar por apartidário. Por exemplo: O Gilberto Dimenstein deveria declarar voto no Haddad e fazer campanha abertamente. Ficar fingindo apartidarismo e fazendo aquela campanha disfarçada e (cada vez mais) desesperada não engana ninguém que leia duas ou três colunas seguidas dele. Só serve para o leitor se sentir insultado pela tentativa de manipulação.
Ele acho que ele estava guardando essa carta na manga desde a primeira campanha para usar quando precisasse mobilizar seus eleitores. A necessidade chegou e ele mandou o bobo da corte (vulgo Joe Biden) lançar o balão de ensaio para ver a reação da base. Achou a reação positiva e resolveu ser explícito. Mas não há mudança nem surpresa nenhuma aí. A postura do Obama sempre foi nesse sentido e ele foi até onde achou que dava para ir sem se desgastar: abandonou a política don’t ask, don’t tell.
Na prática, fica tudo igual.
Antes, o Obama não apoiaria uma emenda constitucional que definisse o casamento como união entre homem e mulher e isso continua igual.
Antes, o Obama já não tinha condição nenhuma de aprovar nada que avançasse a agenda gay no Congresso e vai continuar sem ter caso seja reeleito (os democratas não têm esperança de recuperar maioria na Câmara e ainda correm o risco de perder a maioria no Senado).
O que estamos vendo é só uma tentativa de mobilização dos eleitores liberais.
Bom ponto sobre o Biden. Mas ainda acho uma jogada de risco, do ponto de vista político. Abs.
Obama vem dando muitas bolas fora? Do ponto de vista que estou aqui do Brasil, parece ser difícil em 4 anos corrigir as bobagens feitas pelo Bush.
Ah sim. Corrigir tudo não dá mesmo. Mas que ele poderia ter se saído melhor, poderia. Abs.
sentirei muito orgulho se um dia um presidente brasileiro tiver coragem de fazer tal afirmação, sou petista desde os 7 anos, quando ja interessado por politica me identifiquei com LULA e o PT e contrariei minha tradicional familia baiana pintando a cara e exigindo a saida de Collor…rs, é verdade. Porém o que vejo hoje é uma obscura nuvem de hipocrisia rodeando o Planalto, onde a Sra° Rousseff encontra-se acorrentada e aprisionada pelos valores obscuros e demagogos dos lideres religiosos, o que é lamentavel pois Dilma tem a faca e o queijo nas mãos para fazer algo pelos milhoes de homens e mulheres gays desse país, acabar com essa hipocrisia velada e afirmar para quem quiser ouvir que o Brasil respeita e assegura direitos iguais para todos, independente da orientação sexual, coragem Dilma, é chegada a hora de encararmos a questão com o respeito que ela merece e não como se ainda estivessemos na época da inquisição, afinal o país é ou não é laico senhora presidenta???
O casamento é um instituto criado por Deus entre um homem e uma mulher. Não é o fato de vários casamentos não terem dado certo ou estarem em fangalhos q legitima a banalização do casamento. Se alguem quer viver com alguem do mesmo sexo, pq essa obstinação de reivindicar o nome casamento? Será q o suposto “amor” e a união entre ambos jah não eh suficiente, precisa-se ir contrar os valores de muitos, da maioria?
Mas Lucas, estamos falando de reconhecimento legal, não de benção da Igreja. Não vejo onde está a *banalização* da instituição que você cita em estender o direito a todos os cidadãos aptos a uma decisão consensual.
Lucas, os gays não estão pedindo o casamento religioso. Estão pedindo casamento civil, ou seja, reconhecimento jurídico da união. E não basta viver com alguém do mesmo sexo, pois neste caso, o casal não estaria protegido juridicamente e não teria seus direitos reconhecidos. Fique tranquilo com seus valores religiosos, pois os gays não querem roubá-los.
Foi uma bela jogada de marketing político, levando em conta, é claro, a opinião pessoal do Obama. Mas a declaração veio na hora certa, afinal, ele precisa reconquistar o voto dos jovens que foi muito importante na primeira eleição. Além do mais, os democratas são a favor da união gay, quem é contra são os republicanos, logo, ele tem muito mais a ganhar do que perder. Quem perde é o “Ruimney”, que não pode dizer a mesma coisa que o Obama. Pelo menos, alguma coisa de interessante para sacudir um pouco a poeira desta eleição sem graça. Às vezes é chato ser jornalista, não é mesmo Luciana?
Otávio, primeiro tive a impressão de que era a questão eleitoral, também. Mas depois pensei: de verdade, você acha que o Obama vai ganhar mais votos com isso do que perder? Porque a ala mais liberal votaria nele de qualquer modo, ou ao menos não votaria no Romney, certo? E há muitos eleitores do Obama que são centristas ou mesmo mais socialmente conservadores dele que vão mudar de ideia com a declaração. Por outro lado, não imagino o eleitorado jovem, socialmente liberal mas economica e politicamente conservador mudando de lado por conta disso. Não sei, acho que foi mais um risco político para ele do que uma coisa marqueteira. Não costumo defender o presidente, mas neste caso achei corajoso, de verdade. E, sim, movimentou o debate (até que enfim!). Abs.
Porque será, que Obama apoia agora o casamento gay?
Porque é anos de eleição americana?
Porque, com no Brasil 50% da população é gays assumidos e 30% são gays inrustido, sobrando apenas 20 % da população indecisa:_ Mamãe inda ñ sei o que quero ser quando crescer (KKKKK)
Bom, o importante que mesmo que tarde, e usando de artificio politico para conseguir votos e quantinuar no poder, valeu apena, mas um que assumil a causa…
Não é porque você é que os outros tem que ser. não pode generalizar as coisas. ok
Enfim o mundo parece estar se tornando um lugar mais justo para todos, a sociedade precisa entender que os gays são exatamente iguais aos heteros, que desejam apenas serem felizes ao lado de quem amam, não querem ser melhores ou terem mais direitos, só isso…