Nem no G8
21/05/12 16:30WASHINGTON – Na sexta-feira, a âncora Suzanne Malveaux, da CNN, interpelou o comentarista Richard Quest: “Com uma reunião do G20 em junho, precisávamos mesmo perder tempo com esse encontro do G8?”
Quest, aparentemente surpreso, respondeu que o G20 não se entende, que é formado por países muito díspares, com economias muito díspares e regimes políticos muito díspares — “nem todos são democracias”.
Ok, seria divertido ver o jornalista inglês discorrer sobre a grande democracia russa, que integra o G8, mas o ponto nem é esse.
A tal coesão que Quest citou passou bem longe de Camp David, a residência de descanso do presidente americano onde os oito líderes de potências, mais os dirigentes da União Europeia, se reuniram neste fim de semana.
O comunicado final é bipolar e dificilmente passaria em um teste de lógica. Parece, isso sim, um amontoado de frases para contentar cada um dos presentes — ou, ao menos, Barack Obama e Angela Merkel.
Ok, Obama marcou seu ponto ao incluir no texto a referência à necessidade de crescimento. Só que aqui pelos EUA, os jornais venderam o feito como um trunfo do americano, que teria dobrado a resistência da alemã.
Só que não foi bem assim.
Com tanta ênfase quanto a menção ao crescimento, é assinalado a necessidade de os países manterem seus austeros programas de ajuste fiscal. Se isso não é a palavra de Frau Merkel, então não sei o que é.
Consenso ali, só em discordar (ªestamos comprometidos a tomar todas as medidas necessárias para revigorar nossas economiasº, diz o texto, ªadmitindo que as `medidas certas’ não são as mesmas para todos.º)
E menção à criação de empregos, me desculpem, nunca vi político nenhum tirá-la da retórica. A frase está ali para consumo do eleitorado doméstico americano tanto quanto do alemão, japonês, russo, canadense, italiano, britânico ou francês.
Já há algum tempo que o debate sobre a saída para a crise virou um duelo entre os que defendem austeridade e os que defendem investimento e crescimento (o governo brasileiro se encaixa no segundo caso), mas o G8 não chegou nem perto de dar aval a um dos lados.
Nem parece, aliás, que essa resposta vá sair tão cedo, se depender dos líderes globais (já os eleitores, ao menos os europeus, parecem ter escolhido o segundo, a julgar pelos resultados das eleições na França e na Grécia).
O que poderemos ver na cúpula do G20, no máximo, é um Obama mais próximo dos países emergentes do que dos europeus. Mas isso não desata o nó, o qual o encontro do G8 neste fim de semana só fez apertar.
Ok, reuniões multilaterais não são conhecidas pela profusão de resultados. Mas quando o discurso começa fragmentado já nos grupos menores, dos quais se espera mais coesão, é porque a resposta — a resposta que está norteando eleitores aqui, na Europa e onde mais houver votação neste ano — está muito, mas muito mais distante do que se pensava.
Desde quando estas reuniões e outras parecidas resolvem alguma coisa? quantos reuniões são feitas na ONU? quantas reuniões são feitas em DAVOS? quantas vezes se reunem, por ano, G8, G20, G40 e outros G’s? você acha mesmo que eles estão preocupados em resolver qualquer problema? lá como cá, é tudo uma questão de retórica. Quanta tristeza.
Pois é, se houvesse MENOS reuniões, talvez as que sobrassem fossem mais produtivas. Abs.
O debate na Europa e nos EUA é sobre continuar fazendo dívidas impagáveis para ver se a economia pega no tranco ou parar de gastar dinheiro emprestado, agüentar o tombo, fazer ajustes e torcer para dar tudo certo.
A posição brasileira, infelizmente, não passa de cara de pau e atestado de incompetência.
Nosso governo poderia investir em infra-estrutura (de verdade, nada de lançar projetos que não acabam nunca e só servem para levar o dinheiro público embora), cortar impostos, combater a ladroagem, diminuir a gastança estatal ou pelo menos torná-la eficiente. Ao invés disso sai por aí reclamado que americanos e europeus estão tentando resolver seus problemas sem pensar no Brasil.
A Dilma tem coragem de sair discursando mundo afora contra o protecionismo e levantar barreiras protecionistas aqui. Haja óleo de peroba!
Resumindo: O governo brasileiro poderia tomar várias medidas e não toma nenhuma. Mas quer determinar como os estrangeiros vão gastar o dinheiro que pegam emprestado. As autoridades brasileiras descobriram que fazer graça com chapéu alheio é fácil!
Joe, já disse que não comento política brasileira aqui, mas… eu fiz uma entrevista que saiu na segunda passada com o Ruchir Sharma. Você chegou a ver? Abs.
Acabei de ver! Difícil discordar dele!
O programa de governo do PT era dar um cavalo de pau na economia e na política. Como desistiram disso, ficaram sem programa e adotaram o do PSDB. O problema é que esse programa era para uma etapa já superada pelo país, né? Aí o PT vai deixando tudo como está para ver como é que fica.
Sobre os EUA, a economia vai mal e o Obama parece querer se implodir. Insiste com essa visão de aumentar o tamanho do Estado. Insiste em atacar o Romney pela atuação dele na Bain Capital. Até agora esses ataques foram uma mistura de distorção e mentira. Não colaram ainda e duvido que isso ocorra. O Obama vai é ficar mal com potenciais doadores e definitivamente taxado de socialista.
Doadores? Mais até. Você viu a crítica do Cory Booker?
Bem lembrado. E como foi reveladora a reação da campanha do Obama, né?! Correram para desautorizar o Booker enfaticamente e constrangê-lo a voltar atrás.
Parece que eles não têm mais nada pra falar do Romney, ou é Bain ou não tem mais nada.
Cachorro no teto. Estou brincando, mas acho que seria bom focarem no contraste das plaraformas. Todo o resto me parece picuinha. Não acho nem um nem outro desqualificado. A questão é qual plataforma faz mais sentido no momento.