O problema é dinheiro
13/07/12 14:22WASHINGTON – Quando fui a Utah em março, para escrever sobre a religião mórmon, um sociólogo da Igreja me mostrou, preocupado, uma pesquisa apontando que 22% dos americanos não elegeriam um mórmon presidente.
A rejeição só perdia para a de um eventual candidato ateu (acima de 50%) e empatava com a de um muçulmano (23%), à frente de negros, mulheres, judeus, católicos (que nos EUA são minoritários) e homossexuais.
Hoje, porém, o maior problema do candidato republicano Mitt Romney pode não ser sua fé, mas seu bolso: pesquisa do Gallup divulgada na quinta mostra que 20% dos eleitores se sentem menos inclinados a votar em um candidato se ele for muito rico.
Sem surpresa, para os democratas o número vai a 37%, e para os republicanos, a 4% — mas 19% dos eleitores sem filiação partidária afirmam se sentir assim. A rejeição também é inversamente proporcional à renda familiar, chegando a 28% entre os que ganham até US$ 2.000 (R$ 4.070) ao mês.
A pesquisa foi feita nos últimos dias 9 e 10, com 873 eleitores, o que me faz perguntar: a campanha de Obama, que acusa Romney de não pagar imposto sobre o dinheiro que guarda em lugares como as ilhas Caymann, surtiu efeito?
Os Romney mantêm uma empresa registrada na ilha, como mostra a declaração de renda do candidato de 2011. Também fecharam, no passado, uma conta na Suíça. Em ambos os casos, dizem pagar impostos em dia.
Os democratas parecem ter achado um flanco vulnerável aí para atacar Romney, e o republicano, com suas gafes como “vamos apostar US$ 10 mil” ou “entendo um pouco de Nascar porque meus amigos são donos de escuderias”, não ajudou. Em toda oportunidade que tem, o presidente gosta de lembrar da riqueza do rival.
Com a questão religiosa totalmente fora do jogo de baixarias, parece ser um caminho a explorar. E como os democratas têm explorado. Obama defende que o problema não é Romney ser rico, mas se ele paga impostos em dia e se investe no país, como diz investir.
Ok, a pergunta é pertinente da forma como o presidente coloca, mas a questão parece ir muito além. Os marqueteiros democratas, a meu ver, captaram outra questão subjacente aí, talvez mais interessante:
Cinco anos de crise e um aumento histórico na desigualdade social podem estar produzindo efeitos mais profundos nos EUA, um país onde nunca foi pejorativo ser rico (pelo contrário, histórias de sucesso nos negócios são louvadas por aqui — e, se Romney veio de família rica, é verdade também que ele multiplicou seu capital).
Os democratas parecem ter captado essa mudança mais profunda, mas, por enquanto, só para usar eleitoreiramente. Já os republicanos, se captaram, não parecem ver aí um problema. De qualquer jeito, estamos mal.
Nossa Luciana,
Voce acredita realmente que o Obama nao fez nada nestes ultimos 4 anos? Entao quer dizer que nao deixar a industria automobilistica ir para o espaco literalmente nao foi importante? Nao deixar o sistema financeiro ir para o ralo nao foi importante? Colocar duas mulheres na Corte Suprema nao foi importante? Manter na prisao terroristas que tentaram atacar os EUA nao foi importante? O pais nao ter sofrido nenhum ataque terrorista neste ultimos 4 anos nao foi importante?Deportar centenas de imigrantes liegais no pais porque cometeram algum tipo de crime nao foi importane? Criar um sistema universal de saude nao foi importante? Manter o Ira sob pressao constante para nao iniciar uma guerra no Oriente Medio nao foi importante?
E verdade que o desemprego na media esta em 8.2% da populacao economicamente ativa, mas voce tem observado o que anda acontecendo por toda Europa? Ha paises por la onde o indice chega a 20%.
Voce bem sabe sabe que qualquer legislacao apresentada pelo governo Obama sempre foi combatidade desde o primeiro dia que ele assumiu o governo. Seja ela para extensao ao seguro desemprego, taxar mais impostos dos afluentes(como voce deve saber e o menor da historia),etc.
Quanto ao candidado Mitt Romney ele e o primeiro candidato a “esconder” sua fortuna ao recusar-se a mostrar suas ultimas declaracoes de imposto de renda. O problema nao e o senhor Romney ser milhonario, mas a maneira como ele conseguiu amassar sua fortuna na firma de investimento Bain durante o tsunami financeiro que assolou o mundo em geral.
Ele nao pode esconder que a “Bain Capital” ajudou(em muito) a colocar mais norte americanos na fila do desemprego durante a crise financeira. O senhor Romney vai ter que mostrar que sua empresa ajudou a amenizar a vida do americano medio. E nao o contrario como ele esta sendo acusado.
Não disse que não fez nada, disse que fez pouco. A injeção na indústria automobilística era o mínimo que se poderia esperar para a coisa não quebrar de vez. O sistema financeiro está no ralo. Talvez estivesse pior se McCain ganhasse e levasse adiante a desregulamentação, mas, sinceramente, duvido que acontecesse. Mulheres na Suprema Corte? Ruth Ginsbourgh e Sandra O’Connor existiram antes de Obama. “Manter na prisão terroristas que atacaram os EUA”? Guantánamo não só é uma vergonha, com gente presa sem julgamento, como uma promessa esquecida (ele não ia fechar)? Deportar imigrantes criminosos? Isso já estava acontecendo antes, e se esse é o maior feito dele, realmente não há do que se vangloriar. Quanto ao sistema de saúde, não vejo sistema universal aqui. Obrigar todo mundo a pagar um convênio não significa saúde universal. Claro, a plataforma do Romney é igualmente frouxa e ainda mais dúbida, com ele indo e voltando nas posições, sem dar para ter certeza do que ele faria no cargo. Puxa, Edson, nenhum dos dois é um despresparado, mas acho esta uma das eleições mais carentes de propostas que eu já vi.
Edson e Luciana, eu tenho que discordar de vocês. Resgatar montadoras que estavam falindo é um erro. A falência pode causar algum prejuízo social a priori, mas é salutar a médio prazo, pois tira do mercado uma empresa que não é competente.
Resgatar essas corporações é só jogar o problema pra frente, porque a empresa ficará mal acostumada sabendo que sempre que a situação apertar, o governo irá entrar em cena. Dessa forma, ela assumirá riscos desproporcionais e seguirá sugando dinheiro público.
No fim, elas estão se reeguendo aos poucos. Não acho a solução ideal, mas não vejo alternativa viável no contexto político da época, de verdade. Abs.
Americanos terão de decidir em suas casas em qual candidato irá votar. De um lado o Mitt Rommy e do outro lado Obama. Ficaremos assistindo de camarote aqui no Brazil em nossas casas torcendo para que o vencedor consiga reativar a econômia dos
EUA
acho que a questão da religião deixou ser de terminante aos poucos no seculo 19 tendo o seu final em 1960 com a eleição de Kennedy, católico….á exceção de Utah, evidente!
Mais ou menos, Gustavo. Lembra quando rolaram os boatos de que o Obama era muçulmano? E mesmo o mormonismo do Romney, vira e mexe é questionado pelos mais conservadores…
ok, mas Obama foi eleito…..não perdeu por causa disso…
até hoje dizem que o Obama é socialista…onde?
são argumentos secundários cuja unica intenção é minar o candidato para um publico menos afeito á imoralidades da politica, ocorre aqui e em qq. lugar na disputa pelo poder, infelizmente!
Gustavo, você viu o artigo do cineasta Milos Forman sobre o “socialismo” do Obama, no “New York Times”?
Qual a acusação da campanha do Obama contra o Romney?
Que ele comprava empresas falidas e quando não conseguia recuperá-las demitia os funcionários e fechava as portas?
Que ele é mau caráter suficiente para fazer investimentos no exterior?
Que ele não paga um centavo de impostos além do necessário?
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O certo seria comprar empresas falidas para continuar levando prejuízo e não demitir ninguém? Seria ser nunca fazer investimentos no exterior, só pregar livre comércio da boca pra fora? Seria pagar o máximo de impostos enquanto a concorrência paga o mínimo?
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Se o Romney tivesse uma campanha com meio quilo a mais de competência o Obama já teria encerrado esse discurso desonesto e ilógico de guerra de classes.
Eu concordo com você, Joe. O único ponto nebuloso aí são os impostos, já que ele ainda não soltou a declaração. Realmente em relação à reestruturação, ia fazer o que? Agora, o Romney precisava mudar o discurso, não dá para ficar pregando que criou tantos empregos nos EUA quando estava na BAin. Não que haja ´problema com a restruturação, mas o discurso se torna incoerente. Eu acho que ele devia assumir e dizer que isso foi saud[avel para as empresas.
De qualquer forma, a campanha está pegando. Eu tenho a impressão que há um clima de luta de classes no país que eu nunca vi antes.
Não vejo incoerência. Quando as empresas eram resgatadas e cresciam, empregos eram criados. Quando não tinham salvação, eram fechadas.
A campanha do Obama ataca como se o Romney se apresentasse como filantropo e na realidade ele fosse um capitalista bem sucedido que demite sempre que precisa.
Acontece que o Romney não se apresenta como filantropo, ele se apresenta como capitalista bem sucedido que demite sempre que precisa.
A campanha do Obama insiste nessa falácia do espantalho e a campanha do Romney é amadora demais para conseguir sair.
Não, não, incoerência em dizer que criou empregos nos EUA. Já disse que não acho ele nenhum pouco errado em fechar o que não funciona.
Mas as empresas que deram certo não criaram empregos nos EUA? Qual o problema?
Não é problema, é incoerência de discurso. Ele devia assumir que a maior preocupação dele era a eficiência da empresa, e não abrir vagas de trabalho (o, que, aliás, faz todo o sentido)
Joe, perfeito! Concordo plenamente com você!
O que as pessoas não enxergam é que empresas deficitárias acabam com muito mais empregos do que empresas restruturadas.
E mais, Romney reestruturou empresas usando dinheiro privado, já Obama joga dinheiro público para companhias falidas (retirando dinheiro da economia) e vem com esse papo de que a Bain Capital exportou empregos?
Por isso é sempre interessante, sociologicamente falando, pensar em como Nova York é algo totalmente fora dos Estados Unidos. O Michael Bloomberg é infinitamente mais rico que o Romney, e lá em NYC isso não faz diferença para os eleitores. Aliás, o próprio Bloomberg, que, pelo visto, desistiu de vez de tentar a presidência, diz que o resto do país nunca votaria num bilionário judeu e divorciado.
Jonas, é verdade. É uma ilha. E, infelizmente, eu concordo com o Bloomberg.
Um filho de imigrante, mestiço, com nome muçulmano não saiu do nada e hoje é presidente?
Não tem um mórmon com grandes chances de vencer agora?
Mas o perfeitão do Bloomberg só não seria eleito porque o eleitorado americano é preconceituoso demais e não aceitaria um judeu, bilionário e divorciado?
Ele ter coragem de mudar a legislação para concorrer a outro mandato não é problema. Ser um liberticida capaz de regular até tamanho de refrigerante muito menos.
Ele é aquele lobo que depois de não conseguir pegar as uvas diz que não as quer porque elas estão verdes.
Hahahaha, você também se zangou com o tamanho dos refrigerantes? Eu acho que o Bloomberg teria alguns problemas para se eleger, sim. Acho que ainda há preconceito. Agora, claro, a questão maior é que ele é muito liberal para os conservadores e muito conservador (se bem que…) para os liberais.
Sinto profundo desprezo por liberticidas violadores da democracia. E o Bloomberg não passa disso.
Hm, parece que tem eleitorado para isso: http://www.gallup.com/poll/155762/Americans-Concerns-Obesity-Soar-Surpass-Smoking.aspx
Claro que existe. Existe eleitorado para Hitler, Chávez, Kirchner, Morales, Rafael Correa, Irmandade Muçulmana…
E eu desprezo todos eles.
Eu espero que você não tenha posto todos no mesmo saco (a não ser pelo seu desprezo). Abs
Luciana Coelho comentou em 13/07/12 at 16:03
A Sra. escreveu:
“Mas boa parte desse crescimento veio do bail-out que o governo concedeu aos bancos para evitar a quebradeira após a crise sob os anos Bush, e parte é herança da guerra no Iraque (encerrada, ao menos) e no Afeganistão ”
Leia abaixo sobre o que e quem causou tudo isso que a Sra. menciona!!!
Remember the day…
January 3rd, 2007 was the day that Barney Frank took over the House
Financial Services Committee and Chris Dodd took over the Senate
Banking Committee.
The economic meltdown that happened 15 months later was in what part
of the economy?
BANKING AND FINANCIAL SERVICES!
Unemployment… to this CRISIS by (among MANY other things) dumping
5-6 TRILLION Dollars of toxic loans on the economy from YOUR Fannie
Mae and Freddie Mac FIASCOES!
Bush asked Congress 17 TIMES to stop Fannie & Freddie – starting in
2001 because it was financially risky for the US economy.
And who took the THIRD highest pay-off from Fannie Mae AND Freddie Mac? OBAMA
and who fought against reform of Fannie and Freddie?
OBAMA and the Democrat Congress
so when someone tries to blame Bush…
REMEMBER JANUARY 3rd, 2007…. THE DAY THE DEMOCRATS TOOK OVER!”
Budgets do not come from the White House. They come from Congress and
the party that controlled Congress since January 2007 is the Democrat
Party.
Furthermore, the Democrats controlled the budget process for 2008 &
2009 as well as 2010 &2011.
In that first year, they had to contend with George Bush, which caused
them to compromise on spending, when Bush somewhat belatedly got tough
on spending increases.
For 2009 though, Nancy Pelosi & Harry Reid bypassed George Bush
entirely, passing continuing resolutions to keep government running
until Barack Obama could take office. At that time, they passed a
massive omnibus spending bill to complete the 2009 budgets.
And where was Barack Obama during this time? He was a member of that
very Congress that passed all of these massive spending bills, and he
signed the omnibus bill as President to complete 2009.
If the Democrats inherited any deficit, it was the 2007 deficit, the
last of the Republican budgets. That deficit was the lowest in five
years, and the fourth straight decline in deficit spending. After
that, Democrats in Congress took control of spending, and that
includes Barack Obama, who voted for the budgets.
If Obama inherited anything, he inherited it from himself. In a
nutshell, what Obama is saying is I inherited a deficit that I voted
for and then I voted to expand that deficit four-fold since January
20th.
O problema de Obama é que ele prometeu muito, aumentou a divida americana em 5 trilhões de dólares em apenas 3 anos e meio, as coisas não melhoraram, e ele não tem realizações a mostrar. Com o Obamacare, a divida aumentará mais ainda para os americanos. A sua única saída é tentar ficar fugindo assunto de analisar seu governo!
É verdade que a dívida cresceu de US$ 10,7 para US$ 15,8 trilhões (segundoo Tesouro), Alexandre. Mas boa parte desse crescimento veio do bail-out que o governo concedeu aos bancos para evitar a quebradeira após a crise sob os anos Bush, e parte é herança da guerra no Iraque (encerrada, ao menos) e no Afeganistão. O deficit foi cortado de US$ 183 bilhões para US$ 67 bilhões nesse período. Agora, sobre a falta de realizações, de fato, fora do campo da Defesa (matar o Bin Laden e acabar com a guerra no Iraque) não há muitas. A ver como esse plano da saúde se sai. Abs.