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Decisão em tempos de crise

Perfil Como os americanos votam. E o reflexo no Brasil, por Luciana Coelho

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Animais políticos

Por Luciana Coelho
18/07/12 14:34

Nem terninhos nem saias rodadas para Sigourney, a eterna Ripley, no Departamento de Estado (divulgação)

WASHINGTON – Ela é ambiciosa, durona, foi primeira-dama e tentou, sem sucesso, a Presidência. Democrata de centro, acabou como secretária de Estado, quando viu sua imagem de megera se converter em uma das figuras políticas mais populares do país. Ele, um ex-presidente de sotaque sulista, está um pouquinho acima do peso, é carismático, populista e mulherengo que só.

Não fosse pelo divórcio logo após as primárias partidárias frustradas, e pelo figurino sexy-depois-dos-60, ela poderia ser chamar Hillary, e ele, Bill.

Mas não. É Elaine Barrish Hammond, a personagem vivida por Sigourney Weaver em “Political Animals”, a série sobre uma família entranhada no poder que o canal USA estreou por aqui no domingo. O (ex)marido, Bud Hammond, é interpretado por Ciaran Hinds (o César da série “Roma”, em versão mais rechonchuda e umas notas além no sotaque).

Weaver, que andava meio perdida em chatices como “Avatar”, brilha ao compor uma personagem que não se des-feminiliza para parecer mais forte nem cai em caricaturas para mostrar que tem um lado afável.

Sua antagonista é uma jornalista também ambiciosa, também durona e também traída encarnada por Carla Gugino, o que me faz pensar que a série talvez se trate mais de mulheres no poder do que sobre um drama familiar apimentado.

A trama começou meio novelesca, marido traidor, filho dependente químico, outro filho à beira do casamento, mãe falastrona, montes de sexo, tudo um pouco carregado nas tintas para o meu gosto (a foto promocional da personagem de Gugino, Susan Berg, me deu um nojinho).

Mas a personagem central é muito boa, por nos fazer questionar os estereótipos a que as mulheres se submetem para entrar na política.

 Pense nas líderes mundiais, ou nas figuras políticas de projeção. Quase sempre seus nomes vêm associados a predicados como “muito dura”, ou “age como um homem”, ou “muito mulherzinha”, ou “sexy e burra” (quando não “mãe” de qualquer coisa). Ok, há exceções, mas os homens não são submetidos a uma gama tão restrita de etiquetas.

Com as políticas, há sempre uma tentativa de encaixar a fulana do lado duro ou do lado mole, masculinizá-la ou fragilizá-la — para nos limitarmos à política americana, basta lembrar do condenado choro de Hillary ou da imagem que foi construída de Sarah Palin, ainda que em parte por ela mesma. Isso se estende a qualquer continente (ok, as asiáticas, sobretudo as sudeste-asiáticas, talvez sejam exceção).

Em uma conversa há alguns anos com um professor de Harvard especializado em psicologia do eleitorado, ele me explicou que havia uma inclinação em encaixar as mulheres-candidatos em arquétipos para facilitar sua assimilação pelo eleitorado, pouco acostumado a vê-las em posições mais altas de comando. Os principais são o de mãe e o de esposa (mas, se pensarmos mais, também há o de meretriz, o de bruxa e a eterna evocação da instabilidade e da histeria).

Talvez por isso, a Elaine de “Political Animals”, que gosta de elefantes e diz “I just keep going”, seja um refresco — ao menos no primeiro capítulo. Pós-feminista, ela não precisou renegar nenhum pedaço seu –nem a dureza, nem a ambição, nem a fragilidade, nem a maternidade, nem o sexo, nem a inteligência — para se encaixar no esquema.

Pena que seja só ficção.

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Comentários

  1. Silvino comentou em 21/07/12 at 12:12

    Sabe que um dia – uma tarde tranquila e nublada de sábado, quem sabe – eu vou me sentar no sofá com a capinha de tres DVDs (não tem dois pontos nesse troço, que teclado esquisito) , o tal de Avatar, aquele indiano lá Quem que ser um milionário e a tal da Invenção de Hugo Cabret. Só pra dar umas risadas de que a que ponto chega a idiotice popular e das “academias” – não vamos usar o nome de um lugar tão célebre em vão- de cinema. Um virou a maior bilheteria da história ao pegar todos os adolescentes de plantão em férias no Mc Donalds, outro ganhou o oscar de melhor filme mandando crianças fazerem cara de boazinha – detesto! diretor que manda fazer cara de “olha que amável aborígene” – e o tal do Hugo Cabret, sei lá o que ganhou, mas acho que deve ter ganhado alguma coisa.
    Só não vou ver o Lua Nova, pq tudo tem limites. Essa foi minha crítica de cinema enquanto espero minha torradeira apitar – usando o netbook – horrível – de uma loirinha que se chama Soraia – ou seria Maiara- mas que tem uma “simpatia”. bom weekend

    • Luciana Coelho comentou em 23/07/12 at 21:18

      Ah, eu gosto do Hugo Cabret. Também acho que a indicação foi resultado de um ano fraquinho, mas eu gosto do filme. Sobre os outros dois, totalmente de acordo. Abs!

  2. Joe comentou em 18/07/12 at 22:06

    Pelo que você descreveu vale muito mais a pena acompanhar o noticiário político.
    Os verdadeiros Clinton são mais interessantes. E eventualmente acontece alguma coisa incrível como o Anthony Weiner marcar uma coletiva de imprensa e o Andrew Breitbart aparecer antes e expôr mais ainda a falsidade dele.

  3. Otávio Jorge Caldas comentou em 18/07/12 at 16:51

    Acho que a série ainda não estreou aqui no Brasil, mas parece um caso típico onde a ficção imita a realidade.

    • Luciana Coelho comentou em 18/07/12 at 17:39

      Eu postei o site… será que dá para ver online aí?

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