Apostas para vice
08/08/12 17:08WASHINGTON – A Olimpíada de Londres termina neste domingo, e com o encerramento dos jogos devemos avançar mais uma casa no tabuleiro da corrida presidencial americana: o anúncio do vice de Mitt Romney.
A campanha do republicano vem tentando alimentar o interesse público no tema nas últimas duas semanas, para potencializar o resultado da escolha. Os e-mails a jornalistas sobre possíveis finalistas aumentaram, assim como o apelo ao eleitorado. Na conta dos experts, o candidato está apenas esperando o fim da maratona esportiva para não cdisputar atenção.
Na esteira das sucessivas rifas de Barack Obama para eventos com celebridades, os republicanos sortearão, entre os pequenos doadores de campanha, a chance de se reunir com o candidato e o vice. Além disso, criaram um aplicativo para celular especificamente para o anúncio, prometendo ao eleitor interconectado a notícia em primeira mão.
Meu palpite modesto: o anúncio sai dia 12. Eu acho que o escolhido vai ser o deputado Paul Ryan, de Wisconsin, autor das contrapropostas de orçamento republicanas.
Os outros três finalistas? O ex-governador Tim Pawlenty, de Minnesotta, que chegou a ser rival de Romney nas primárias (não que isso seja um problema, eis Joe Biden e Hillary Clinton aí para provar); o senador por Ohio Rob Portman e o senador da Flórida Marco Rubio. Posso estar enganada, mas nada fora desses quatro nomes parece fazer sentido em termos de estratégia política.
Os colunistas especializados reclamam que nunca estiveram tão por fora de um processo de escolha como agora. É tática da campanha, justamente para aumentar o interesse. Mas parece também um pouco de exagero dos colunistas, já que em 2008 a escolha de Sarah Palin surpreendeu a todos.
Ryan não lidera as apostas no site especializado Intrade, no qual se pode tentar adivinhar quase qualquer coisa em troca de dinheiro. Ele vem atrás dos outros três, ainda que à frente dos demais (Portman, chapa de Romney e popular em um Estado decisivo, lidera).
Meu palpite a favor dele se dá por dois motivos: existe toda uma movimentação da inteligentsia republicana a seu favor e, dos quatro citados, ele é o que melhor cumpre ao mesmo tempo o papel de complemento romnístico (assim como Pawlenty e Portman) enquanto ainda oferece algum frescor à chapa (o que seria também o caso de Rubio, seu contemporâneo de anos 70).
Ok, Ryan não tem o mesmo carisma que o senador descendente de cubanos. Mas tem mais que seu colega de Ohio, cuja sobradinha com Romney foi recentemente descrita por um analista conservador com quem conversei, Michael Barone, como ªexcessivamente chuchu” (ou “coxinha”, se você é paulistano como eu).
Mas a escolha de Palin ensinou aos republicanos — ou ao menos deveria ter ensinado — que carisma e jovialidade não são tudo.
Já Pawlenty se mostrou um aliado fiel, mão na massa, e tem apelo com o operariado branco evangélico que teme um candidato mais rico e de uma religião menos disseminada (acho bobagem julgar Romney por seu bolso ou sua fé, mas para muitos isso pesa). E experiente. E não vem do Congresso — ao contrário dos demais, pode vender com Romney a imagem de “outsider” na satanizada Washington.
Só não tem o verniz intelectual de Ryan, que consegue ao mesmo tempo ser prestigiado pela ala intelectualizada do partido e pelos ultraconservadores do Tea Party, graças a suas propostas de cortes.
E os leitores, têm um palpite ou um favorito?
** Adendo: o estatístico Nate Silver, do NYT, analisou o eventual impacto de cada possível vice sobre a candidatura de Romney. Pawlenty lhe tiraria votos. Ryan e Portman dariam mais ou menos na mesma. Rubio, considerando o peso de seu Estado, parece ser a melhor escolha na conta de Silver — outros candidatos mais bem colocados que ele vêm de lugares menos importantes no colégio eleitoral. Aqui: http://fivethirtyeight.blogs.nytimes.com/2012/08/08/how-romneys-pick-of-a-running-mate-could-sway-the-outcome/?hp
(Reiteradas desculpas pelo abandono de lar. Passei a semana passada escrevendo sobre comício do Obama, doadores milionários, republicanos ambientalistas e aranhas cibernéticas assassinas.)
Nunca mais haverá um choque como aconteceu com o anúncio de Sara Palin. Carisma e jovialidade não são tudo, mas tem que ser levado em conta, principalmente num partido jurássico como o Republicano. Este partido precisa de uma renovação nos seus quadros. De qualquer maneira, espera que a Sara se candidate em 2016. A política americna está precisando de uma sacudida legal. Quanto aos vices que você citou, parece que não estão levando em conta o fato de que, se “Ruimney! ganhar e acontecer algo que o impeça de exercer a presidência, o vice será competente para assumir o papel de presidente?
estará ele apto a resolver as questões aconômicas e a política externa?
Mas, Otávio, qualquer um desses — exceto, talves, o Rubio — tem mais estrada do que a Palin, não? Acho que a Palin tem uma série de coisas a se admirar, mas preparo não me parece uma delas. De qualquer forma, ela é esperta e soube se preservar desta eleição. Está escolhendo a dedo candidatos para apoiar no Senado, vai ter uma superinfluência.Abs.