O talentoso Mr. Clinton
06/09/12 13:56CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE – Bill Clinton tem 69% de popularidade hoje, e esse número não é por acaso.
Ok, piadas à parte, não é mesmo. Com seus improvisos, seu sotaque sulista e sua linguagem direta, o ex-presidente democrata (1993-2001) roubou não só a noite desta quarta. Ele roubou provavelmente a convenção toda (o que é tipicamente clintoniano). Ou a temporada de convenções toda, republicanos incluídos.
Seu discurso foi hábil, empolgante, fluido e, em vários pontos, informativo (certamente o foi no momento em que ele esclareceu que o governo Obama não cortou, mas aumentou, as exigências de busca de trabalho para receber o seguro-desemprego. Outros trechos, verdadeiros, receberam um recorte favorável ao partido, porque obviamente o objetivo de tudo isso é fazer os democratas saírem bem na foto).
E aí está a genialidade retórica de Clinton — você pode não concordar com o sujeito em algumas coisas (ou em nada, dependendo de sua posição), mas não há como não achar que o que ele diz faz sentido. Do lado republicano, hoje, só Paul Ryan tem uma habilidade lógica do tipo, mas ainda está longe de ter o mesmo carisma.
Não há como não prestar atenção no que ele está dizendo e refletir a respeito. Clinton fez um governo longe, muito longe de perfeito, mas seu apelo à razão do eleitor, deixando de lado questões mais emocionais como aborto, religião, casamento gay, sindicalismo e outros temas que os democratas defenderam por toda a convenção, fala diretamente a quem não se registra em nenhum dos partidos.
Ele é o campeão do cervejômetro — aquela pergunta desgastada, com qual presidente/candidato/político você preferiria tomar uma cerveja.
Ao mesmo tempo, a figura do ex-presidente que soube navegar numa maré boa e deixou o governo marcando o último período de bonança dos EUA (a desregulamentação que ele promoveu no setor financeiro estouraria na mão de Bush e Obama, afinal) é, sozinha, um apelo emocional. Do lado republicano, seria meio como ressuscitar Reagan. Sua simples presença ali no palco já remete o eleitor a um tempo de vacas mais gordinhas.
E o truque cênico de se curvar a Obama e dizer que lhe passa a bandeira do partido? É o equivalente a dizer “se você confia em mim, confie nesse cara aqui”.
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O leitor Edson pediu mais clima de rua no post. Esses dias têm sido lotados, mas aqui vai um pouco:
O chamado perímetro de segurança — a área em torno da arena onde ocorrem os discursos — foi fechado cerca de 90 minutos antes de Clintos subir aos palcos. Motivo: lotação esgotada. Notem que o discurso de Michelle Obama teve casa cheia e foi aplaudido, mas não foi necessário barrar ninguém por problemas de superlotação. São 20 mil lugares.
Nas ruas de Charlotte, depois que ele falou, o clima era de festa. As pessoas circulavam com um sorriso no rosto. Os bares e restaurantes estavam cheios — era meia-noite, é um dia de semana, e isso é muito, muito incomum nos EUA, como quem vive aqui sabe. As ruas estavam lotadas. Nos bares de esportes, as TVs estavam todas ligadas nos diferentes noticiários, que mostravam repetidamente a imagem rosada e ex-gorducha do ex-presidente. Parecia que estava todo mundo achando que o Obama tinha ganho, ali, a eleição.
Boa parte desse público era de representantes partidários, boa parte era de gente comum, querendo participar. Diferentemente da convenção republicana, os democratas aproveitam seu evento não só para “vender” seu candidato, mas para promover todo tipo de ativismo de esquerda — feminista, pró-gays, pró-imigrantes — e o mais importante de todos eles, registrar gente para votar (aqui, isso não é obrigatório).
Sabemos, pelas pesquisas, que Obama se ampara em muito no voto das minorias. Ele é preferido por cerca de 90% dos negros, dois terços dos latinos, cerca de 60% dos jovens (esta minoria, aliás, começa a se esvair) e pouco mais da metade das mulheres (que já deixaram de ser minoria). Isso fica claro aqui em Charlotte. Claro que há homens brancos, mas eles não são majoritários como na convenção republicana.
No caso específico dos negros, eles parecem irredutivelmente dispostos a dar outra chance para Obama só pelo por causa do que ele representa. Sim, as pessoas ainda se comovem falando disso.
Perguntei a um taxista (negro) em quem ele votaria. “Você sabe em quem eu voto”, ele retrucou. “Mas você não se desapontou com o governo Obama?”, perguntei. “Um pouco. Mas ele ainda é o meu chapa.” (He is still my man).
Não se esqueça, que Clinton “faltou com a verdade”(políticos não mentem) como também não roubam(desviam) na Suprema Corte quando era Presidente.
Em sua maneira de ver Clinton fez um discurso “brilhante”.
O que seria então Lula no seu modo de ver, um “Gênio” se fizesse um discurso?.
Mas o “velho desemprego” continua e palavras bonitas e “as mentiras do dia” não vão resolver o problema do Obama.
Estava falando de discurso, José. O governo Clinton teve vários problemas. Ele mentir sobre a Lewinsky é de menos. Mas lembremos que foi o Clinton que acelerou a desregulamentação do sistema bancário que culminaria depois na crise financeira de 2008.
Clinton e os democratas são responsáveis do problema da “bolha imobiliária”. Embora a “bolha” estourou nas maõs e Bush Jr.( eu não estou defendendo Bush Jr.) os democratas nunca aceitaram regularizar o sistema imobiliário deu no que deu.
Bush pediu a Congress 17 VEZES parar Fannie & Freddie – começando durante 2001 porque era um grande financeiro para a economia dos E.U.
E quem fêz o pagamento o mais elevado de Fannie Mae E do Mac de Freddie? OBAMA
e quem lutou contra a reforma de Fannie e de Freddie?
OBAMA e o Congress da democrata
assim quando alguém tentar responsabilizar Bush…
Relembrando dia 3 de Janeiro de 2007…. O DIA ONDE AS DEMOCRATAS FICARAM RESPONSÁVEIS. Os orçamentos não vêm da White House . Vêm do Congress e
o partido que controlou o Congress desde janeiro 2007 é Partido Democrata.
Além disso, as democratas controlaram o processo do orçamento para 2008 &
2009 as well as 2010 &2011.
Nesse primeiro ano, tiveram que lutar com George Bush, que causaram
eles a comprometer na despesa, quando Bush começou um tanto belatedly resistente
em aumentos da despesa.
Para 2009 though, Nancy Pelosi & Harry Reid contornearam George Bush
inteiramente, passando definições continuando manter o governo operacional
até Barack Obama podia assumir a Presidencia. Então, eles passaram a conta de gastos maciça para concluir os orçamentos 2009.
E onde estava Barack Obama durante este tempo? Era um membro daquele
mesmo Congress que passou todas estas contas maciças da despesa, e ele
assinou a conta maciça como o presidente para terminar 2009.
Se as democratas herdassem qualquer deficit, era o deficit 2007,
último dos orçamentos republicanos. Esse deficit era o mais baixo em cinco
anos, e o quarto declínio reto na despesa de deficit. Em seguida
isso, democratas no Congress assumiram a responsabilidade pelo o controle da despesa, e daquele grupo de Senadores inclui Barack Obama, que votou para os orçamentos.
Se Obama herdasse qualquer coisa, herdou dele próprio. Em em outras palavras, que Obama é provérbio é mim herdou um deficit que eu(ele Obama) votei
para e então eu votei para expandir esse deficit quatro vezes mais desde 20 de janeiro.
José, quem começou a estourar o Orçamento foi o Bush, e o Obama continuou — até porque, em alguns pontos, não havia muita saída. Austeridade fiscal é salutar, nunca discordei disso aqui. A questão é que não pode ser uma regra inflxível e desmedida, sob o risco de inibir a economia. Abs.
Tudo bem concordo ele é um excelente orador, agora dizer que Clinton é o homem duvido. Alguém me responda Porque Hillary Clinton perdeu a convenção democrata para Obama. espero não ler daqui a dois meses que Mr. Clinton elegeu Obama.
Mas Eric, o Obama de 2008 tinha uma força incomparável à do Obama de agora. Não estou tratando de quem é melhor, mas de quem é mais popular. Abs.
Ok, o discurso de Clinton foi maravilhoso! Mas observo algumas coisas: 1ª não é ele o indicado para ser presidente pelos democratas. 2ª ele balanceou o déficit muito mais com a ajuda dos republicanos do que com a dos democratas, e isso já está sendo explorado pelos republicanos. 3ª passado alguns dias, o eleitor americano vai perceber, de novo, que o que lhe mais importa é a geração de empregos, o resto é pura retórica de democratas e republicanos. 4ª e cara Luciana, paradoxalmente, quanto mais forem eloquentes os democratas, como o foi Michelle, Clinton e, provavelmente, o será Obama, hoje, mais poder de evocação da memória do eleitor terá para lhe provocar o seguinte questionamento: “eu já ouvi esses discursos encantadores em 2008, eivados de promessas que, se cumpridas, a taxa de desemprego estaria em torno de 5% e o déficit não atingiria o recorde de 16 trilhões de dólares. Por que, então, tenho que acreditar em novas promessas, de novo”?!
Repito, Luciana, o que vai importar, de fato, é a perspectiva que se terá sobre qual candidato poderá promover mais empregos, sobretudo para as minorias que, no momento, apoiam Obama, onde a média da taxa de desemprego é maior do que a verificada entre os eleitores ou simpatizantes do Partido Republicano.
Mas seja como for: Que festa democrática republicanos e democratas, com suas convenções, estão exemplificando ao mundo, com a certeza de que, seja quem for o vencedor, terá do derrotado a elegância do reconhecimento de sua vitória como legítima!
Professor Emilson Nunes Costa.
Olá professor, eu concordo com o senhor — os americanos vão escolher quem eles acharem que vai melhorar a situação do desemprego. Os dois lados tentam desqualificar o oponente. Não sei em quem as pessoas estão acreditando, porque está tudo rigorosamente empatado. O que eu gostaria de ver, de verdade, é uma cooperação partidária maior. A retórica política aqui virou uma coisa muito maniqueísta, como se um lado estivesse totalmente certo e o outro totalmente errado, quando sabemos que isso não é verdade. Acho que foi por isso que eu gostei do discurso do Clinton. Já o do Obama, bom, que diferença quatro anos fazem. Muito mais pé no chão. Se o eleitor vai acreditar que ele pode fazer algo é que são os outros 500, mesmo tendo Clinton de fiador. Abs.
Cara Luciana, mesmo que o Obama perca essa eleição, ele já terá feito algo muito importante à cultura política americana, fazendo com que ambos os partidos, sobretudo o meu Republicano, façam a inclusão de uma maior rede social aos pobres americanos, caso queiram manter perspectivas de vitórias eleitorais.
Também acho que um governo Mitt Romney manteria essa rede, mas não é isso que ele tem prometido. Abs.
NÃO DÁ PARA SABER QUAL CANDIDATO OS AMERICANOS IRÃO ESCOLHER MAS QUE A CAMPANHA DO OBAMA ESTÁ MAIS RESPEITOSA , ISTO ESTÁ. NÃO SE COLOCA OUTDOORS COM CRIANÇA APONTANDO O DEDO DO MEIO PARA O ADVERSÁRIO E MUITO MENOS FAZ-SE DISCURSO SE DIRIGINDO A UMA CADEIRA VAZIA; CADÊ O ALTO NÍVEL ???
Sonia, as duas campanhas estão cheias de baixaria. Acho que nas convenções os dois lados ainda tentaram manter um pouco o respeito, mas os anúncios de rádio e TV dos dois lados são deprimentes. Onde você viu esse outdoor da criança? Fiquei interessada. Abs.
Aqui tem uma matéria do DailyMail com imagens desses outdoors (inclusive o da criança)
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2196236/Outrage-anti-Obama-billboards-President-village-idiot-child-giving-finger.html
Obrigada, Aline!