Perdendo a fé
01/10/12 17:57WASHINGTON – Faltam apenas 36 dias para as eleições e a campanha de Mitt Romney se depara com o seu maior desafio até agora: reverter a narrativa dominante de que ele vai perder e convencer o eleitorado — e os financiadores — a não desanimarem.
Goste-se ou não da plataforma democrata, a convenção do partido de Barack Obama foi muito mais eficaz ao passar sua mensagem. Tão eficaz que, em menos de um mês, a sensação de disputa acirrada cujo desfecho era uma enorme incógnita, de que seria muito, muito difícil para o presidente vencer com a economia rateando e sua popularidade combalida, parece ter se dissipado.
A narrativa de que a campanha de Romney está desacreditada passou a dominar a cobertura de mídia nas últimas semanas, e não só na imprensa progressista ou de esquerda. Veículos independentes e mesmo colunistas conservadores apontam problemas na condução da campanha do republicano — da escolha de Clint Eastwood para um enigmático monólogo durante a convenção até o comentário sobre metade do eleitorado querer depender do governo e ser, portanto, inatingível para a mensagem republicana.
Para azar de Romney, essa percepção parece estar calando no público. E aí não se trata de opinião, mas de números. E de dinheiro também. No site Intrade, que funciona como uma bolsa de apostas eletrônicas, as chances de Obama saltaram para 75% .
Para piorar, em uma pesquisa do site The Hill, 53% dos eleitores, independentemente de sua opção de voto, afirmaram achar que o presidente vai se reeleger. Antes da convenção democrata, apenas 43% acreditavam nessa possibilidade, enquanto outros 46% afirmavam que Romney sairia vitorioso (os 11% restantes não sabiam).
Seria puro “achismo”, inofensivo, se não fosse por um detalhe: o voto nos EUA não é obrigatório. Muitos eleitores podem simplesmente desistir de votar, se acharem que seu candidato não tem chance.
Da mesma forma, os doadores de campanha também podem ser levados a parar de dar dinheiro ao presidenciável e passar a focar recursos nas disputas mais acirradas por cadeiras do Senado, onde é possível reverter a vantagem democrata.
A chance de Romney reverter esse cenário está nos debates: um nesta quarta, o segundo no dia 16 e o terceiro no dia 22.
Para azar do candidato republicano, porém, o primeiro debate aborda apenas questões domésticas, sobretudo economia — quesito em que a avaliação do governo melhorou ligeiramente nas últimas semanas. Não é um campo ruim para Romney, mas o impede de acionar o que seria hoje sua principal frente de ataque: a Líbia.
O flanco mais frágil de Obama hoje é justamente a política externa (sim, é uma reversão do cenário do mês passado), com as crescentes dúvidas a respeito da estratégia americana e se os problemas no país africano foram subestimados, expondo o embaixador Chris Stevens, morto em Beghazi no último dia 11, desnecessariamente.
Romney sempre pode usar os comerciais de rádio e TV, claro. Mas os debates são acompanhados com mais atenção e por uma parcela maior para a população. Esperar até o dia 22 para abordar a política externa do presidente pode acabar sendo tarde demais para o republicano, se ele não conseguir nada que vire o jogo mais cedo.
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Que os leitores me desculpem pela ausência. Estava no Texas, escrevendo sobre como a região de fronteira está tentando crescer à revelia do que propõem Obama e Romney. O resultado, para quem quiser ler, está aqui: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/69157-fronteira-eua-mexico-vive-recuperacao.shtml
Luciana, creio que mesmo os conservadores moderados que normalmente seriam eleitores do Partido Republicano, estão meio que perdidos sobre o que realmente representa Romney. Especialmente esses radialistas de direita são por demais truculentos e para muitos há a impressão que do lado republicano pode estar chocando um “ovo de serpente”. Não se sabe ao certo o que seria um governo Romney.
Concordo totalmente. Acho que o maior problema da candidatura do Romney é que os moderados não sabem para que lado ele levaria o barco, e os conservadores também não. Abs;
Ola Luciana,
Fora a pequena faisca lancada no dia da convencao republicana com a escolha de Paul Ryan para ser o companheiro de chapa de Mitt Rommey, a campanha do candidado republicano esta mais fria do que uma daquelas pizzas que a gente tira da geladeira no meio da noite para comer.
Para a tristeza dos republicanos, nem mesmo os mais ferrenhos defensores da ideologia conservadora, e ai incluo os radialistas Rush Limbaugh, Sean Hannity e tambem o canal “porta-voz” dos republicanos, ‘Fox News” estao acreditando nas suas fantasias politicas tanto domestica quanto internacional do senhor Romney.
A pergunta se os norte-americanos estao melhores hoje do que ha quatro anos dissipou-se como fumaca no ar. A campanha nem mais toca neste assunto.
Estamos a somente 1 mes da eleicao, a menos que haja um acontecimento de proporcoes catastroficas dentro dos EUA, nao acredito que Mitt Romney conseguira reverter a vantagem que o atual presidente, Barack Obama, tem na intencao de voto dos eleitores.
PS: Estive na cidade de “North Philadelphia” no ultimo dia 29 fazendo campanha para Barack Obama.
E verdade que o clima de euforia de 4 anos atras nao existe mais. Diria ate que as pessoas estao mais realistas. Porem, a popularidade do atual presidente dentro da comunidade afro-mericana nao esta nem um pouco arranhada.
Quando estive na Virginia tive a mesma sensação que vc descreve no seu PS. Sobre o amornamento da campanha do Romney, vamos ver se o debate hoje muda isso… Abs
midia marxista americana? ah tá….
bom, pelos link do wikipedia americano tá 347 x 170 pro Obamis, porém em 68 votos (dos mais diversos estados) ele tem menos de 2%…os swing states são swings mesmo!
Agora tem até swing county, Gustavo!
O azar não é de Romney… o azar é do EUA.
Depois de 70 anos de marxismo cultural que se iniciou com a ida dos intelectuais marxistas da “escola” de Frankfurt, em especial Adorno, Marcuse e Horkheimer para o EUA em 1936, iniciadores da doutrinação marxista “cultural” nas universidades e em Hollywood, que depois tomou conta da midia, o EUA que emergiu como a grande nação democrática no início do século XX com dois partidos por excelência democratas e republicanos, devido a essa ação “cultural” contínua, no início do século XXI não é nem sombra da nação anterior, hoje não existem mais democratas e republicanos, hoje o PD está dominado por esquerdistas (socialistas, anarquistas, comunistas, marxistas, occupistas, politicamente corretos, etc) e o PR se tornou “conservador” com ênfase em religião.
No EUA atual a campanha é apenas por 10% que não estão dominados por ideologia, o PD esquerdista detém 45% dos eleitores e o PR conservador detém outros 45%.
E os esquerdistas, da mesma forma que no Brasil, tem a chamada “militância”, que são milhares de pessoas em todos os setores da sociedade com a tarefa de criar ” fatos” e propagar “tendências” na midia.
Franze, mas nos EUA a mídia inclinada aos conservadores — como a Fox News e os radialistas de direita — tem mais audiência do que a mídia de centro e a inclinada aos progressistas ou esquerdistas. A militância de direita é muito eficaz também aqui, basta ir a um comício do Tea Party para ver.
Pessoalmente, acho que esse discurso só pegou porque a campanha do Romney não conseguiu anunciar seus projetos de forma eficiente o suficiente. De certa forma, é o mesmo que aconteceu com o Johnn Kerry, do lado democrata, em 2004. Sem juízo de valor sobre quem é o melhor candidato, hoje em dia vence sempre o melhor comunicador. Foi assim com Bush em 2004, foi assim com Obama em 2008. Agora, ainda faltam cinco semanas, a ver o que cada uma das campanhas vai apresentar até lá. É triste se resumir a isso, mas é o que temos visto. Abs.
olá Luciana!
Concordo com o q você disse sobre a existência de midia, mas, me refiro a “repercussão”.
Quando é um “fato” colocado pela esquerda a “repercussão” é enorme, quando é da direita não.
Alem disso, fatos que são “gravíssimos” quando a direita os faz, são ignorados quando é a esquerda que faz.
Vou citar um fato.
Quando depois do 11/09, ou seja, com um (suposto) motivo grave, Bush invadiu o Iraque as críticas se avolumaram de tal forma que transformaram Bush em um demônio.
Agora, quando Obama, com aviões do EUA e depois da OTAN bombardeou a Líbia e inclusive seus protegidos assassinaram barbaramente a Kadafi, não se ouviu sequer um sussurro na midia e dos “direitos humanos” contra Obama.
Ou seja, Bush bombardear o Iraque foi crime hediondo, Obama bombardear a Líbia foi “defesa de direitos humanos”.
É a essa falsidade que estou me referindo.
Essa é a típica ação ideológica.
E na atual eleição essa ação está sendo praticada a exaustão.
Obama, na minha opinião foi um dos piores e mais inexpressivos presidentes que o EUA já teve …. como ele pode ser “barbada” ?
– Pode porque a ação ideológica doutrinaria é tão intensa que muda a realidade.
Boa pergunta, Franze, concordo com sua colocação sobre a Libia. O Bush era chamado de criminoso de guerra, mas o Obama, mesmo tendo acabado com uma, continua com os ataques dr drones. Os pesos e medidas deveriam sre o mesmo. Mas não encaixo a repercussão do vídeo nisso. Na Fox elas não deram tanta bola. Acho que depende dos canais/jornais/site que as pessoas acompanham. É até um exercício engraçado comparar as coberturas. Abs.
Obrigado pelas dicas Luciana, vou dar uma olhada neles.
abs.
Boa tarde. Concordo com o Sr. Franze, apos morar mais de vinte anos nos EUA a mudanca neste pais foi radical, socialmente, culturalmente e moralmente. So nao parece esquerda para quem esta fora porque o pais mais do que os outros defende o seu interesse capitalisticamente mas internamente se tornou um sistema socialista seja o presidente Rep. ou Dem.
nao ha mais politicos que tomam decisoes sem preocupar com o polit. correto ou com as pesquizas. Enquato isso o debito cresce e a cultura se transforma em terceiro mundo. E so visitar os grandes centros urbanos. Nao como turista mas analista.
Olá Luciana !
Eu lia o WP e o NYT eventualmente, mas não leio mais, não dá mais para ler…
Acompanho o noticiário da Folha e do Estadão, então, tenho certeza que vc estando ai tem uma visão melhor dos acontecimentos.
Mas, eu conheço bem o modo de agir ideológico socialista/marxista que vem atuando no EUA (e em todo o Ocidente) desde a ida do pessoal de Frankfurt para o EUA em 1937.
Veja o que está acontecendo agora na Síria… para mim a Turquia entrar em guerra com a Síria era algo previsível, até mesmo inevitável, Hillary e Obama querem “mudar o mundo” e vão colocar fogo no OM, pois agora vão poder colocar a OTAN, via Turquia “atacada”, para bombardear a Síria.
Então, eles vão municiar “rebeldes” e bombardear daqui para frente todas as nações que eles acharem que são contra as intenções deles de “mudar o mundo” e não vai existir nenhum protesto de “direitos humanos” apesar de toda a matança que as “boas intenções” deles está causando.
Eu fiquei perplexo com a reação de Hillary ao assassinato do embaixador do EUA na Líbia !
Foi a reação igual a de uma ingênua criança e não da pessoa que comanda a política externa da mais poderosa nação do mundo…
Então, o EUA está em mãos de gente perigosa, pois eles acham que estão certos apesar de estarem cometendo crimes.
abs.
“Perigosa” eu acho uma palavra exagerada, mas concordo com a sua avaliação sobre dois pesos e duas medidas. A política externa do Obama é bem “falcônica”. Eu também leio o Times e o Post e o Journal. Apesar de eles terem cada um suas preferências, dão um bom equilíbrio somados, mais do que as TVs. Bom mesmo é ler a Economist e o Financial Times, que têm uma visão mais distanciada da situação; Abs.
Boa tarde João.
Você mencionou algo importante, o mundo está vendo o EUA atual da forma bem distante do que ele realmente é.
Hillary e Obama não são democratas…
Eles são progressistas, eles sofreram a influência da doutrinação “cultural”, milhões dentro do EUA foram influenciados pelo “marxismo cultural” fonte da atual mentalidade “politicamente correta” dominante em parte do EUA.
O EUA ainda não é socialista, e talvez nunca seja, mas, as ações para “transformar o mundo” estão sendo feitas e continuarão a ser, pois seus mentores nunca desistem apesar de todo o fracasso histórico.
O EUA se tornou a maior nação do mundo, a mais livre e democrática, usando a “democracia burguesa” e o “mercado” que esse pessoal que ganhou o poder no EUA quer destruir.
A dívida já é enorme e irá a estratosfera com a “ajuda aos pobres”, e com isso, o EUA caminha para a falência, e claro, quando falir a culpa vai ser do “capitalismo”.