Santorum fora da cédula
03/04/12 18:02
WASHINGTON – Chegou aqui em casa há uns dias o manual do eleitor, ensinando os moradores de Washington como participar das prévias partidárias, que acontecem hoje no Distrito de Colúmbia (também votam hoje os Estados de Maryland e Wisconsin). São 62 páginas _as últimas das quais estão em branco, para o (e)leitor tomar notas.
Entre outras coisas, o livreto inclui cópia das cédulas e biografias detalhadas de cada candidato, mesmo que forem candidatos a candidato a vereador por todos os partidos, além de uma lista de seções eleitorais.
Bom, pelo manual, vi que além de republicanos e democratas, os Verdes também escolhem hoje por aqui seu candidato.
O que mais? Que Rick Santorum não está na cédula. Isso, o sujeito em segundo lugar na disputa republicana não está na cédula. Mas Jon Huntsman, que desistiu em janeiro, está.
Já comentei aqui outras vezes e certamente comentarei mais no futuro o quão bizarro o sistema eleitoral americano é.
Claro que ele é mais transparente que o nosso na escolha de candidatos, que é interessante observar como o eleitor comum acaba pesando na decisão do partido, o que é bacana. Por outro lado, o fato de cada Estado seguir suas próprias regras, por exemplo, e de um eleitor precisar de um manual de 62 páginas para votar devem significar algo.
A cédula aqui em DC pode, inclusive, mudar de seção eleitoral para seção eleitoral
A ausência de Santorum, por exemplo, mostra mais do que a desorganização de sua campanha. Ela serve para explicar por que um candidato independente, ou de um terceiro partido, nunca tem chances reais de vencer aqui.
Sim, o candidato perdeu o prazo para se inscrever. Aqui, é preciso coletar um número X de assinaturas (em cada distrito ou em todo o Estado, dependendo do lugar) para ser incluído na cédula. Em alguns lugares, é preciso já ter representação na câmara local.
Ou seja, se já é complicado para um sujeito que é ex-senador, conhecido nacionalmente e concorre pelo Partido Republicano, que dirá para alguém de fora da estrutura.
É virtualmente impossível que um terceiro candidato consiga aparecer na cédula em todos os Estados – o milionário Ross Perot, em 1994, foi o último que conseguiu, e eu não consigo me lembrar de ninguém além dele num passado recente.
É por isso que eu não consigo imaginar a candidatura do Michael Bloomberg – que seria um belo nome aí como terceira via – engatar. Ao contrário de Perot, Bloomberg teria mais a perder do que a ganhar com uma aposta dessa. Mas aí esse assunto fica para outro post. Ou para os comentários de vocês, claro.