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Eleição nos EUA

Decisão em tempos de crise

Perfil Como os americanos votam. E o reflexo no Brasil, por Luciana Coelho

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O eleitor brasileiro é mais realista?

Por Verena Fornetti
17/05/12 20:33

 DE NOVA YORK – Ontem o leitor Otávio Jorge Caldas comentou aqui no blog que a campanha eleitoral americana está focando em temas paralelos (como o “bullying”)
porque os assuntos sérios, no campo da economia, da saúde, da educação e da política externa, não estão sendo discutidos.

Perguntei sobre isso ao economista Kenneth S Rogoff, professor de Harvard, e ele tem o mesmo diagnóstico.

Reproduzo dois pontos inesperados citados pelo professor: um candidato à Presidência dos EUA não pode criticar a “América”, praticamente uma entidade sagrada para os americanos. E os eleitores brasileiros, para Rogoff, são mais realistas que os americanos, em termos de macroeconomia, porque aceitam ouvir as soluções difíceis _segundo ele, a memória recente de inflação e crise é a diferença.

Leiam trecho da entrevista:
“Há poucas ideias de longo prazo que estão sendo debatidas nesta campanha. É uma sociedade muito orientada para o consumo, tudo tem que ser rápido, e ninguém quer parar para pensar qual é o caminho que queremos seguir.

Isso é muito difícil no diálogo político porque um candidato presidencial não pode ser visto criticando a América. Não pode.

Um candidato à Presidência da República tem que dizer que somos o melhor país do mundo e que ele vai manter o país como o melhor do mundo. Não pode dizer: somos um país incrível, mas estamos envelhecendo, estamos mudando e nós precisamos nos reinventar se quisermos continuar no topo.

A obesidade é um exemplo de tema que está gritando. Michelle Obama está tentando lidar com ele, mas há muito o que fazer. Há outros: o sistema de saúde, a energia,  a infraestrutura, o sistema de educação… todas essas coisas estão se deteriorando e as pessoas querem evitar as questões difíceis.

A população não quer ouvir as soluções reais. Os eleitores são facilmente persuadidos que os problemas podem ser resolvidos sem sacrifício. Isso é claro no que diz respeito ao Orçamento. A maioria dos eleitores acredita que o governo desperdiça dinheiro e que não há necessidade de pagar mais impostos. Eles acreditam que os problemas serão resolvidos se o governo parar de gastar e se as pessoas pararem de roubar. Isso não é consistente com os números, que mostram que os gastos são muito muito altos e as taxas são muito muito baixas.

Porque os EUA foram capazes de tomar emprestado tanto dinheiro até agora as pessoas não precisaram fazer as escolhas difíceis. No Brasil, a experiência com crise financeira e inflação alta é mais recente. Ao menos na macroeconomia acho que os brasileiros aceitam as escolhas difíceis mais facilmente que os americanos.

Claro que vocês estão enfrentando muitos problemas para reformar as leis trabalhistas e há muito protecionismo. Vocês têm muitos problemas, mas em termos de macroeconomia o eleitor brasileiro é mais realista que o eleitor americano. Eles viram problemas que os americanos acham que nunca vão acontecer.”

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Obama arrecada menos

Por Luciana Coelho
16/05/12 22:58

WASHINGTON – A campanha de Barack Obama anunciou hoje que arrecadou US$ 43,6 milhões (R$ 87 milhõees) em abril, abaixo dos US$ 53 milhões captados em março.

O número é especialmente nagtivo para os democratas se levado em conta que em abril ficou finalmente claro que o adversário do lado republicano será Mitt Romney, após a desistência de Rick Santorum no dia 10. Isso deveria provocar um aumento de contribuições, não queda.

A campanha justificou dizendo que nos meses finais de cada trimestre a arrecadação normalmente sobe. Mas ainda assim não convenceu.

Para abril, porém, Obama deve ganhar impulso do jantar para coletar fundos promovido pelo ator George Clooney, que sozinho obteve quase US$ 16 milhões (agora esse número me parece ainda mais impressionante) e dos eventos de campanha com membros da comunidade gay, após o presidente ter declarado seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os dados de Romney ainda não foram divulgados. Segundo a Comissão Federal Eleitoral, até o final de março o democrata havia levantado US$ 191,7 milhões, contra US$ 86,2 milhões de Romney — mas US$ 225,9 milhões de todos os republicanos somados.

Sabe quem vem logo em seguida? Ron Paul. O deputado libertário do Texas conseguiu arrecadar US$ 36,8 milhões, muito mais do que os cerca de US$ 20 milhões de Newt Gingrich e Rick Santorum.

Paul anunciou nesta semana que deixaria de fazer campanha, mas não abriria mão dos delegados (votantes na convenção partidária) que obteve até agora. Sua esperança é incluir pontos de sua plataforma no programa republicano uma vez que Romney seja oficializado candidato, no final de agosto.

Uma última nota. Aqui, normalmente apontamos as falhas do sistema americano, mas vou dar minha mão à palmatória: de todo o dinheiro arrecadado, US$ 363,6 milhões vieram de indivíduos, sujeitos a limites, contra apenas US$ 1,2 milhões dos chamados PACs e superPacs, comitês de ação política.

Desse montante, mais da metade — US$194,9 milhões — vieram de gente que deu menos de US$ 200, enquanto US$ 138 milhões veio de simpatizantes que contribuíram com mais de US$ 2000. E no banco de dados da FEC, é possível checar os nomes dos doadores.

ATUALIZAÇÃO: Romney levantou US$ 40,1 milhões em abril.

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A turma do fundão

Por Luciana Coelho
15/05/12 13:07

WASHINGTON – Antes de ler este post, pense em todas as cretinices que você fez na adolescência e quais delas depõem contra seu caráter hoje. Quais foram erros isolados, quais prejudicaram alguém, quais evoluíram para problemas mais graves. E quais lhe ensinaram alguma coisa.

Foi isso que me veio à cabeça quando li sobre o factoide da semana passada na campanha eleitoral americana — a revelação, em uma reportagem do “Washington Post”, que o republicano Mitt Romney certa vez cortou os cabelos de um colega à força, com a ajuda de seus amigos.

Pior, a vítima era pouco popular, mais fraca e depois se assumiu gay (há dúvidas se Mitt fez isso porque era homofóbico ou só porque achou graça na brincadeira imbecil). 

A notícia veio à tona bem na semana em que o presidente Barack Obama declarou apoio ao casamento gay, e o contraste foi inevitável. Obviamente nem quem é contra o casamento entre as pessoas do mesmo sexo achou que o comportamento passado de Romney fosse adequado. O próprio candidato se desculpou.

Enfim, parece-me ponto pacífico que o bullying de Romney é injustificável. Mas será que isso diz, de fato, algo contra o sujeito que quer concorrer à Presidência dos EUA?

Lembro que em 2008 houve uma megapolêmica porque descobriram que – oh – Obama fumou maconha no colegial (digo, ensino médio… eu sou antiga). E daí? Ok, é uma contravenção, um antiexemplo, mas, sinceramente, o que isso depõe contra o presidente?

Claro que o debate não seria o mesmo se soubéssemos que Romney humilha publicamente funcionários ou é homofóbico, ou que Obama trabalha em, hm, estado alterado. Mas não há indício nem de uma coisa nem de outra.

Já tivemos uma discussão passada neste blog sobre o quanto as infidelidades conjugais dos políticos dos dois lados (Clinton, Gingrich) entram na balança na hora de decidir o voto e se elas deveriam ser realmente uma preocupação eleitoral.

Eu acho que não, mas vários leitores acham que sim, sob o argumento de que quem mente à mulher pode mentir aos cidadãos (há risco de cairmos num sofismo aqui, mas, vá lá). De qualquer modo, essas são decisões tomadas na idade adulta — nos casos dos senhores citados, no cargo. 

E as trapalhadas de adolescência? Elas devem pesar contra o candidato? Elas devem ser determinantes na hora de escolher?

Achei esta charge no “Los Angeles Times” muito boa.

Os meninos do ensino médio que cresceram para concorrer a Presidente dos EUA: Barack pergunta quem quer brincar de cestinha e fumar um beque; Mitt convida os amigos para segurarem um menino gay e tosarem seu cabelo (David Horsey/Los Ageles Times)

O que ela diz para mim é que, por um lado, esses episódios depõem contra o susposto sistema meritocrático americano e a quem ele premia. E que, por outro, eles falam alto sobre redenção (quem conhece as biografias dos dois sabe que eles têm esse momento claro, Obama na Universidade Columbia, quando cunhou sua identidade racial e social, e Romney na época de missionário na França, quando quase morreu em um acidente).

O cinema e a literatura americanos amam uma história de “coming-of-age”, amadurecimento. Na ficção. E na política, há redenção?

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Apoio aos gays - na política e nas empresas

Por Verena Fornetti
14/05/12 19:54

DE NOVA YORK – Como a LUCIANA COELHO escreveu recentemente aqui no blog, cresce nos EUA o apoio ao casamento gay. Hoje uma nova pesquisa do “New York Times” e da CBS News mostrou que 62% dos cidadãos do país são favoráveis ao casamento ou à união civil entre pessoas do mesmo sexo.

E hoje o presidente Barack Obama veio a Nova York colher os louros pelo anúncio que fez na semana passada, de que pessoalmente apoia o casamento entre homossexuais. Obama participa de dois eventos organizados pela comunidade gay com o objetivo de arrecadar recursos para a campanha.

O apoio aos direitos dos homossexuais se espalha também nas empresas, indica o Human Rights Watch, instituição dedicada à defesa dos direitos humanos que recentemente fez campanha favorável ao tema. Em um dos anúncios, que mostro abaixo, o presidente do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, declara que as companhias americanas aprenderam há muito tempo que a igualdade é boa para os negócios.

Nike, Amazon e Starbucks são outras empresas americanas que já declararam apoio ao casamento gay.

Segundo o site Politico, mesmo entre os republicanos está crescendo o número de filiados que acham que o partido deve repensar a posição sobre o assunto. O site cita memorando distribuído pela estrategista Jan van Lohuizen, que trabalhou na campanha de 2004 de George W. Bush:

“O aumento do apoio [à união gay] tem lugar entre todos os grupos partidários. Embora os democratas apoiem mais o casamento gay do que os republicanos, os níveis de apoio aumentam entre os conservadores. O mesmo vale para a idade: os mais jovens apoiam o casamento entre pessoas do mesmo sexo com mais frequência do que as pessoas mais velhas, mas as tendências mostram que todas as faixas etárias estão repensando sua posição.”


Mostro ainda vídeo em que um acionista questiona o presidente do Starbucks sobre o apoio declarado ao casamento gay. Vocês verão logo nos primeiros minutos: a resposta é enfática.

 


 

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Rifando o jantar

Por Luciana Coelho
11/05/12 21:22

O pôster da rifa convida o eleitor a uma "boquinha com Mitt"

O pôster da rifa convida o eleitor a “fazer uma boquinha com Mitt”

WASHINGTON – Críticas ao vale-refeição/food stamp à parte, uma coisa o republicano Mitt Romney viu de bom na campanha do democrata Barack Obama: a rifa do jantar.

A campanha de Obama anunciou nesta sexta que ele amealhou quase US$ 15 milhões para a campanha com o jantarzinho oferecido na véspera pelo bonitão George Clooney (sim, eu tenho direito a um comentário mulherzinha de vez em quando).

  Mas o grosso desse valor não veio dos bolsos hollywoodianos, que deixaram cada um US$ 40 mil (ou R$ 78 mil) pelos quitutes de Wolfgang Puck (bochecha de boi, alguém?).

Veio de uma rifa. A campanha passou semanas pedindo doações de US$ 3 para quem se cadastrou no site, e no final sorteou dois lugares no evento. Uma professora de Nova Jersey e uma dona de casa da Flórida levaram os maridos para a festinha de Clooney e do presidente.

Pelas minhas contas, o pessoal da rifa deixou quase US$ 9 milhões no caixa de Obama — é um recorde para um evento só, segundo os marqueteiros. O presidente já havia usado o truque duas outras vezes, mas aí não tinha Clooney com anfitrião.

Romney, que não é bobo, gostou da ideia e copiou. Agora, pela primeira vez, estpa rifando um jantar mais íntimo, ele e quatro simpatizantes, como Obama fez há alguns meses. As doações também começam em US$ 3, esclarece, mas no espaço de opções pode-se deixar até US$ 5.000.

No caso de Obama, cada aspirante gastou em média US$ 23. Vamos ver quanto gastaram os de Romney, que não terão uma versão conservadora de Clooney de chamariz.

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Os anúncios e a cidade

Por Verena Fornetti
11/05/12 12:54

DE NOVA YORK – Diz a piada: você pode até deixar Nova York, mas aí você terá que viver nos EUA. A cidade é conhecida pelas posições progressistas tanto nos temas sociais quanto nas ideias políticas.

A Manhattan Mini Storage, empresa que aluga espaços para que pessoas que vivem nessa ilha, em apartamentos apertados, armazenem seus pertences, faz anúncios pra lá de irônicos e polêmicos contra os republicanos.

Também há os cartazes que brincam com os estereótipos ligados aos moradores _um dos anúncios brincava que o closet dos nova-iorquinos é tão estreito que faz até Paris Hilton parecer profunda; outro, que está sendo promovido agora nas estações de metrô, diz que a cidade é tolerante com as crenças dos moradores, mas muito crítica em relação aos sapatos que eles usam.

Os leitores do blog que moram nos EUA ou os que já passaram por Nova York certamente conhecem as propagandas, mas mostro aos que ainda não  viram.

"Se você armazenar suas coisas fora de Nova York, elas podem voltar republicanas"

"Michele Bachmann diz que Deus lhe disse para concorrer à Presidência. Como é que Deus não fala mais com as pessoas inteligentes?"

 

"Até que seja seguro ter um encontro para um chá de novo"

 
 

""Se você não gosta de casamento gay, não tenha um casamento gay"

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América do Sul fora da rota

Por Verena Fornetti
10/05/12 19:13

 

DE NOVA YORK – Hoje o governo dos EUA detalhou o plano para atrair mais turistas para o país. Em janeiro, o programa mereceu anúncio do presidente Obama na frente do castelo da Cinderela, na Disney.

Em abril, o programa foi tema da conversa entre o democrata e a presidente Dilma Rousseff. Os dois prometeram facilitar a concessão de vistos tanto para os brasileiros que querem vir para os EUA quanto para os americanos em busca de permissão de entrada no Brasil.

Brasil e China desempenham um papel central para cumprir o objetivo de receber por ano 100 milhões de turistas estrangeiros nos EUA até 2021.

Mas o gráfico acima mostra que, enquanto o número de turistas brasileiros cresce exponencialmente nos EUA _o total passou de 639 mil em 2007 para 1,2 milhão em 2010_, a América do Sul é responsável por só 8% das viagens internacionais dos americanos.

O Caribe tem fatia de 20% e a Europa lidera com 39%.

 

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O presidente e os gays

Por Luciana Coelho
10/05/12 07:00


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WASHINGTON – Barack Obama se tornou, na tarde de ontem, o primeiro presidente dos EUA a apoiar abertamente e com todas as letras o casamento gay.

Na verdade, o democrata foi um pouco além. Depois de fazer a declaração numa entrevista, Obama enviou um email a seus seguidores exortando-os a se unirem em coro, caso partilhassem de sua crença de que um casamento entre dois homens ou entre duas mulheres deveria ter tanta validade legal quanto aquele entre um homem e uma mulher. Bastava assinar. É uma campanha.

Obama não vai alterar a lei americana para permitir o matrimônio, o que seria virtualmente impossível em um país em que cada Estado tem o arbítrio sobre sua legislação a esse respeito e que precisaria do aval do Congresso e, eventualmente, da Suprema Corte. (Ou alguém tem dúvida de que uma decisão assim seria contestada? A Carolina do Norte anteontem aprovou por plebiscito uma emenda que veta o casamento gay mesmo que ele nunca tenha sido permitido no Estado, só por precaução.)

Mas o apoio explícito de um presidente à causa conta um bocado. Na véspera, uma pesquisa do Gallup apontara que 50% dos americanos adultos acham que o casamento homossexual deve ser legalmente válido. O número vem crescendo paulatinamente, conforme as gerações nascidas a partir dos anos 70 vão se tornando adultas. Entre os americanos mais jovens, o apoio é alto mesmo entre aqueles mais religiosos.

Por que? Porque as gerações na casa dos 30 e muitos e as mais jovens, cada vez mais, foram acostumadas a ver casais gays. Os adolescentes de hoje nos EUA (e no Brasil também) muitas vezes têm amigos criados por dois pais ou duas mães. E acham isso normal.

“Eu sempre acreditei que os americanos gays e as americanas lésbicas deveriam ser tratados com igualdade e justiça. Estava relutante em usar o termo casamento por conta das tradições tão poderosas que ele evoca. Achava que as leis de união civil que conferiam direitos legais aos casais gays eram uma solução”, escreve o presidente no email.

“Mas, ao longo dos anos, falei com amigos e parentes sobre isso. Pensei nos funcionários da minha equipe que têm relações longas, compromisso, com alguém do mesmo sexo e que estão criando seus filhos com esses parceiros. Percebi que, para casais do mesmo sexo que se amam, a negação da igualdade no casamento significa que, a seu ver e aos olhos de seus filhos, eles ainda são cidadãos incompletos.”

“Mesmo na minha mesa de jantar, quando olho para Sasha e Malia, que têm amigos filhos de casais do mesmo sexo, sei que não faria sentido para elas que os pais de seus amigos fossem tratados de forma diferente.”

E, antes de assinar, diz respeitar a crença alheia e o direito das instituições religiosas de agir de acordo com suas próprias doutrinas — mas, que aos olhos da lei, os americanos deveriam ser tratados todos de forma igual. “E quando os Estados permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, nenhuma lei estadual deveria invalidá-lo.”

Ha vários recados na mensagem do Obama. Um é a clara disposição contra a proposta de emenda constitucional que define o casamento como a união entre um homem e uma mulher, defendida pelos ativistas anticasamento gay como uma forma de inviabilizar a união.

Outra é uma estocada em Mitt Romney, seu adversário — e um fã confesso da série “Modern Family”, que tem entre seus protagonistas um feliz casal gay pais de uma meininha, ao menos segundo o “New York Times”.

A declaração de Obama veio depois da de seu vice, Joe Biden, e da de seu secretário da Educação, Arne Duncan, na mesma linha. E a declaração dos dois veio depois da notícia de que a campanha de Romney havia demitido um de seus principais assessores, Richard Grenell, porque ele é gay. (Sério, isso ainda acontece? demitir por conta da orientação sexual?)

Ok, há um monte de gays que não querem casar — assim como há um monte de héteros que estão se lixando para a oficialização. Os jornais americanos já fizeram inclusive reportagens ironizando as hordas de mães de gays que agora cobram seus filhos “quando é a data mesmo?”, quando muitos deles não fazem questão de institucionalizar a união.

 Mas os que querem devem ter o direito.

Eu gostaria que meus amigos gays no Brasil pudessem, se quisessem, legalmente chamar suas uniões de casamento. Eu gostaria que os casais gays que desejam adotar não precisassem inventar histórias estapafúrdias ou depender com a comiseração de juízes. E eu gostaria que mais políticos tivessem a coragem que Obama teve.

Sim, Obama tem dado muitas, muitíssimas bolas fora. Mas, nesta quarta, ele deu uma dentro.

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Ambição, substantivo feminino

Por Verena Fornetti
08/05/12 18:53

DE NOVA YORK – Pesquisas são só pesquisas, e o resultado pode indicar mais uma fotografia de um determinado público em dado momento do que uma verdade absoluta. Ressalva feita, mostro a vocês levantamento recente feito pelo Pew Research Center, que indica que as ambições profissionais tiveram uma inversão de gênero nos EUA.

Segundo o estudo as jovens americanas agora valorizam mais a ascensão na carreira que os jovens do sexo masculino.

66% das mulheres entrevistadas disseram que um emprego que traga sucesso e alta renda é uma das coisas mais importantes da vida. Quando essa mesma pergunta foi feita em 1997, 56% das jovens deram essa resposta. 

Naquele ano, era mais comum ouvir dos homens que a carreira era prioridade do que das mulheres _ o que não ocorre mais hoje. Em 1997, 58% dos homens disseram que bom emprego e bom salário era superprioridade _agora esse percentual caiu para 59% (bem abaixo do que o registrado entre as mulheres).

No entanto, ambos os sexos, tanto no passado quanto agora, continuam valorizando mais a família que a carreira. Ser um bom pai ou uma boa mãe é prioridade para 94% das mulheres e 91% dos homens.

E mais uma coisa chama a atenção na pesquisa: embora as mulheres estejam mais ambiciosas, elas não passaram a responder que a família é menos importante. Uma ambição não excluiu a outra, segundo o Pew Research Center.  De 1997 para 2011, o número de jovens mulheres que disse que ser boa mãe é prioridade passou de 42% para 59%.

O instituto ouviu jovens entre 18 e 34 anos. Foram cerca de 1300 entrevistas para cada gênero.

*

Aproveitando o post sobre gênero e sobre pesquisas, lembro uma curiosidade: a última sondagem “Washington Post”/ABC News” mostra que Michele Obama e Ann Romney são muito mais populares que os maridos nos EUA. Para quem quiser ver os números (e o porquê de os dois candidatos agora leiloarem jantares com as primeiras-damas para arrecadarem fundos para a campanha), pode ver o site aqui.

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Sobrou para as crianças no Alabama

Por Verena Fornetti
07/05/12 22:10

DE NOVA YORK – O Alabama endureceu as leis contra imigrantes _mesmo policiais que aplicam multas de trânsito podem checar se estão legalmente no país imigrantes “suspeitos” (a charge acima contribui para a definição torta que a palavra pode suscitar).

As leis tiveram efeito colateral, segundo a Procuradoria federal, e estão prejudicando as crianças hispânicas, que agora têm medo de ir à escola.

O Procurador-Geral Adjunto Thomas Perez, chefe da divisão de direitos civis do Departamento de Justiça, escreveu carta à secretaria de Educação do Alabama dizendo que a lei aumentou a evasão escolar.

Segundo ele, as faltas dos estudantes latino-americanos triplicaram nesse ano letivo. Perez também aponta que 13,4% das crianças com origem hispânica abandonaram a escola.

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